Bem-vindes ao FTX: Reiniciando com segurança
O FTX: Reiniciando com Segurança é um currículo de treinamento feito de diversos módulos para auxiliar pessoas que atuem como facilitadoras com outras defensoras de direitos humanos e reprodutivos para pensar usos criativos, estratégicos e seguros da internet.
É uma contribuição feminista com as respostas globais relacionadas à construção de habilidades em segurança digital, e permite que estas facilitadoras trabalhem junto às suas comunidades para aproximá-las destas tecnologias com prazer, criatividade e curiosidade.
Para quem é direcionado este material?
FTX: Reiniciando com Segurança é orientado para pessoas facilitadoras que atuem com a perspectiva dos cuidados digitais junto aos campos de direitos das mulheres e pessoas transvestigêneres/cuir, e de direitos reprodutivos. Estas pessoas devem estar habituadas com os obstáculos e desafios enfrentados pelas restrições de direitos e liberdade de expressão impostos pela (trans)misoginia, censura e vigilância de corpos dissidentes, disponíveis para desenvolver habilidades de troca de conhecimentos, criação de economias alternativas, construção de redes de solidariedade e formação de desejos.
Qual a finalidade deste material?
FTX: Reiniciando com Segurança contempla: como ocupar espaços online, como se dá a representação online de mulheres e pessoas de gênero não-normativo, como podemos combater discursos e normas que contribuem para a discriminação e a violência. Iremos tratar estratégias de representação e expressão, possibilitando que mais ativistas sejam incluídas nas tecnologias com mais prazer e interesse. O objetivo final é contribuir trazendo um pouco das abordagens e das metodologias absorvidas pelo Programa de Direitos das Mulheres da APC, que chamamos de FTX (Feminist Tech eXchanges), traduzido para o português como Partilhas de Tecnologias Feministas, com a proposta de prover um complemento pautado em uma abordagem feminista para a tecnologia aos guias de treinamento de segurança digital já existentes. Este é um trabalho contínuo para promover o uso da internet como espaço público e político para transformação junto a ativistas, reapropriando, construindo e expressando-nos de forma cuidadosa e afetiva nestes espaços.
Partimos dos Princípios Feministas da Internet (http://feministinternet.org – em inglês; e em português) como modelo político e ferramentas analíticas para este trabalho. Com elas, buscamos construir nossas experiências para uma intenet segura, aberta e equalitária.
Quem traduziu este material?
Fazemos parte da Rede Transfeminista de Cuidados Digitais, uma rede de facilitadoras com atuações e empenhos em fomentar as diversas formas de autocuidados possíveis de serem reimaginadas para o ambiente digital. Trabalhamos com perspectivas transfeministas e adotamos em nossas práticas a expressão o Cuidados para falar de de Segurança. Portanto, nesta tradução você encontrará algumas vezes, ao longo dos textos, essa substitíção ou um uso combinado dessas palavras, quando isto não estiver comprometendo informações de caráter mais técnico.
Essa é uma escolha que prioriza o afeto e o cuidado como elementos fundamentais e construtivos quando se pensa em segurança, e lança mão de perspectivas de medo e paranoia causados, muitas vezes, por terminologias originadas ainda no surgimento da internet e seus usos militarizados; em certa medida, violentos e paralizantes, sobretudo ao se tratar de segurança.
Como funciona um FTX?
O propósito de um FTX é criar espaços de partilha de experiências seguros onde as políticas e práticas de tecnologias são formadas através das realidades concretas dos territórios e contextos das pessoas participantes. Tais espaços almejam a construção de conhecimentos e propriedade intelectual coletivos. Estamos conscientes das relações de poder que podem ser estabelecidas quando dialogamos sobre a tecnologia, uma área onde o apagamento e a exclusão de mulheres possuem caráter histórico. Ao desconstruir tais relações de forma consciente, estamos ativamente advogando por uma perspectiva de mudança.
Através das diversas construções de habilidades propostas pelo programa compilado pela APC, buscamos diminuir o abismo entre os movimentos feministas e de direitos digitais, observando intersecções e oportunidades estratégicas para que trabalhem em parceria. O Programa de Direitos das Mulheres da APC prioriza a elaboração destas habilidades entre movimentos, para que seja possível construir redes e cultivar a compreensão e solidariedade entrre eles.
Quais os valores centrais de um FTX?
Os valores centrais de um FTX são: praticar o autocuidado e cuidados coletivos como política, ser um ambiente participativo, inclusivo, seguro, divertido, pautado pelas realidades das participantes, transparente e aberto, criativo e estratégico. Enfatizar o papel de mulheres e pessoas transvestigêneres/cuir dentro das tecnologias, priorizando tecnologias sustentáveis e éticas, respaldadas pelos princípios feministas da internet. Um FTX explora práticas e políticas feministas de tecnologia e desenvolve consciência crítica sobre o papel dos direitos à comunicação com relação às dificuldades enfrentadas no avanço dos direitos das mulheres ao redor do planeta. Reconhecendo contribuições históricas e atuais destas pessoas na construção das tecnologias, um FTX busca semeá-las em suas realidades e vivências. É encorajado que seu FTX possua territorialidade e seja apropriado a partir desta perspectiva, como temos visto ao longo dos anos com as experiências de parceiras e participantes.