(pt) Gincana Monstra: Abrindo o código
Com a chegada da pandemia de COVID-19, fomos confrontadxs com um enorme desafio: como continuar realizando nossas atividades sem poder contar com 2 elementos tão importantes: o encontro, a presença? Os planos foram rapidamente refeitos a fim de seguir promovendo processos de aprendizagem on-line mesmo em um momento de tantas urgências, sem que isso sobrecarregasse ainda mais as feministas brasileiras. Inspiradxs pelas gincanas vividas em nossas infâncias, com muita alegria e trabalho coletivo, nossa intenção aqui é trocar competição por colaboração, em uma jornada criativa. Assim a Gincana Monstra nasce e está agora consolidada como uma metodologia que nomeamos como “infra-estrutura de afeto'' e é a materialização do trabalho da Rede Transfeminista de Cuidados Digitais. Este é, principalmente, o fruto de nossa dedicação ao campo dos cuidados integrais na construção de maior proteção e liberdade para ativistas, mulheres e pessoas LGBTQI,+ e defensorxs de direitos.
- Introdução e objetivos de aprendizagem
- Preparando o terreno
- Construindo a cosmovisão
- Sonhando a Gincana
- Estabelecendo o formato da Gincana
- Definindo, convidando e mobilizando participantes
- Levantando informações preciosas
- Kit de ferramentas
- Um presente especial! [somente em inglês]
- Adubando o terreno
- Plantar e semear
- Estrutura principal
- Atividades principais [roteiro]
- Atividades de aprofundamento ou práticas (tech) [roteiro]
- Plantões
- Aláfias [roteiro]
- Atividades de autocuidado e cuidado coletivo [roteiro]
- Lembrete!
- A colheita e os caminhos que se abrem
Introdução e objetivos de aprendizagem
Bem vindxs à Gincana Monstra!
Introdução
Neste módulo, será apresentado o passo a passo para a criação de uma Gincana, de forma que possa ser apropriada, remixada e adaptada, assim como um código aberto. Não pretendemos apresentar uma fórmula fechada, mas sim trazer um guia de possibilidades, compartilhando nossa metodologia para a realização da Gincana Monstra: um processo de aprendizagem on-line voltado para defensoras/es com interesse na multiplicação desses conhecimentos dentro de suas coletivas e comunidades.
Acolhemos participantes diversos em idade, contextos, interseccionalidades e território. Tivemos como base e ponto de partida as infraestruturas do afeto: construção de redes de solidariedade feminista, a autonomia das participantes, a alegria, a flexibilidade e o cuidado anticapitalista individual e coletivo.
O termo “gincana”, aqui, resgata a ideia de uma jornada a ser percorrida, com diferentes etapas pelas quais as participantes vão caminhando juntas, abandonando a ideia de competição e evocando a colaboração.
Com atividades síncronas e assíncronas, que podem ir de rodas de conversa às atividades práticas com ferramentas digitais, passando por espaços de criatividade e criação coletiva, ao chegarmos no final da jornada, todxs somos vencedorxs!
Essa metodologia foi elaborada para que os temas abordados, as sessões e atividades propostas, possam ser organizadas em função dos recursos disponíveis, sejam eles o tempo, a disponibilidade das participantes e também os recursos financeiros com os quais podemos contar.
Assim, as facilitadoras podem criar um fio condutor, ou fio narrativo, com temas e sessões que, ao final do percurso, levam a um acúmulo de aprendizagens capaz de ampliar as estratégias de segurança e cuidados das participantes.
É importante destacar também como estratégia chave a disponibilização de todo o material e metodologias utilizadas para a realização das atividades e, para que as participantes possam se apropriar destes para a difusão do conhecimento obtido.
A intenção é que participantes também se formem como facilitadorxs!
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Ao longo do processo, são utilizadas e apresentadas novas ferramentas digitais desenhadas por ativistas e oferecidas para ativistas, que permitem a organização e realização da Gincana Monstra, e que podem ser adotadas como ferramentas seguras para organização coletiva.
São alguns exemplos dessas ferramentas:
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Mensageiros instantâneos;
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Plataformas de armazenamento e compartilhamento de arquivos;
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Ferramentas de videoconferência;
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Ferramentas de edição colaborativa de documentos.
Ainda assim, o foco não está no uso das ferramentas, mas na adoção delas como parte do processo, sempre respeitando os desejos, habilidades, tempo e contextos das participantes.
Ao final da jornada, as participantes estarão familiarizadas com as tecnologias digitais, seja através das discussões ou pela prática no uso das ferramentas ao longo do processo.
A ideia é que enquanto estão aprendendo a utilizar novas ferramentas, estas serão compreendidas como parte importante da construção e manutenção de suas redes de afeto, na manutenção de suas lutas e ativismos, e por isso podem ser importantes aliadas!
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Toda a metodologia acredita na horizontalidade como base para a aprendizagem, se inspira na Educação Popular, na colaboração, no respeito às diversidades afetivas e de gênero, culturas, idades e nos diferentes acessos, letramento e contatos com a tecnologia.
Objetivos de aprendizagem
A metodologia da Gincana Monstra foi pensada para ser um processo de fortalecimento de redes, que acolhe e inclui as participantes, respeita os saberes, experiências e repertórios que trazem consigo.
Entendendo que todas as pessoas já possuem um conhecimento prévio em relação à tecnologia ancestral e tradicional, a ideia é encorajar as participantes para que se reconheçam como detentoras e produtoras de conhecimentos de tecnologias, das ancestrais às digitais!
Através dos encontros, das discussões, das atividades propostas, das práticas e dos materiais de apoio, essa metodologia permite que as participantes reflitam sobre o cuidado individual e coletivo, anticapitalista, e tenham contato com ferramentas e práticas que auxiliem em suas atividades cotidianas, para que tenham maior segurança e proteção no uso das tecnologias digitais.
Ao final deste módulo, é esperado que as participantes:
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Se reconheçam como detentoras e produtoras de conhecimento sobre tecnologias, das ancestrais às digitais
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Reflitam sobre o cuidado anticapitalista, individual e coletivo
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Passem a implementar o uso de ferramentas livres e seguras que possam auxiliar o trabalho dos grupos e movimentos dos quais fazem parte
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Realizem análises e planejamento de táticas e estratégias para ampliar a segurança integral coletiva
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Saiam motivadas e inspiradas a multiplicar o conhecimento adquirido em seus círculos comunitários e de ativismo
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Tenham uma reflexão profunda sobre o papel político no uso da tecnologia.
Uma metodologia que permite a inclusão de diferentes temas a serem tratados conforme as necessidades, desejos, demandas e contextos do grupo de participantes!
A Gincana, contemplando toda a jornada, é composta pelas seguintes etapas:
Atividades de preparação
Orientações e sugestões sobre como dar os primeiros passos para construir e planejar uma Gincana Monstra.
Trabalha a importância da cosmovisão, como fazer as primeiras abordagens, informações prévias sobre participantes e como manter o engajamento antes e durante o percurso.
Caminhos da aprendizagem
Aborda a construção de uma trilha central por onde os macrotemas e conteúdos a serem abordados vão se conectando e construindo um percurso narrativo de aprendizagem.
Atividades de aprendizagem
Trata dos formatos das atividades síncronas e assíncronas, atividades de aprofundamento ou de práticas para explorar conceitos e ferramentas ligadas aos cuidados, construindo pontes entre cuidados feministas e segurança digital.
Também sugere roteiros para condução das atividades.
Pós produção
Traz sugestões para as facilitadoras sobre como manter a rede ativa.
Quantidade de participantes
Sugerimos 8 a 25 pessoas.
Tempo estimado de realização
Sugerimos de 01 a 12 meses.
Preparando o terreno
Atividades de preparação. Antes de iniciar a escolha dos temas a serem tratados ao longo da jornada, ou de construir as sessões, sugerimos que as facilitadoras que estejam construindo sua Gincana Monstra pensem primeiro a cosmovisão da Gincana. A ideia nesse momento é pensar sobre o universo que será criado para essa jornada, o que inspira e o que rege as ações. *Estamos considerando que as atividades de construção e preparação da Gincana Monstra serão realizadas por um grupo que poderá se reunir pessoalmente, no entanto, se isto não for possível, todas estas atividades poderão ser adaptadas ao formato online.
Construindo a cosmovisão
O que é cosmovisão?
O que sentimos quando vemos uma revoada de pássaros? O que pensamos ao saber que uma criança sofreu uma queda? O que refletimos ao presenciar um pôr do sol? Às ideias, sensações, crenças e valores que permeiam o nosso ser, estar e sentir o mundo, damos o nome de Cosmovisão.
Ela está atrelada à compreensão e interpretação de um eu, de um sujeito individual e coletivo. Ela abrange o conjunto dos valores, das ideias e das opções práticas pelas quais uma pessoa ou uma coletividade se afirmam. Muitas vezes nem é totalmente consciente…
Tem a ver com o lugar onde se vive, sua cultura, com o tempo em que se vive, emoções e também noções de ética e moral.
Na prática, a cosmovisão nos ajuda a interpretar o mundo em que vivemos e nos relacionar com ele.
Primeiro passo [atividade]
Antes de iniciar a escolha dos temas a serem tratados ao longo da jornada, ou de construir as sessões, sugerimos que as facilitadoras que estejam construindo sua Gincana Monstra pensem primeiro a cosmovisão da Gincana. A ideia nesse momento é pensar sobre o universo que será criado para essa jornada, o que inspira e o que rege as ações.
A cosmovisão está atrelada à compreensão e interpretação de um eu, de um sujeito individual e coletivo. Abrange o conjunto de valores, ideias, e das opções práticas pelas quais uma pessoa ou uma coletividade se afirmam. Muitas vezes isso acontece de maneira inconsciente, mas aqui convidamos a uma reflexão consciente dessas questões. Tudo isso parte muitas vezes do lugar onde se vive ou que se quer viver, de uma cultura, do tempo em que se está inserido, das emoções e também das noções éticas e morais.
Na prática, a cosmovisão ajuda a interpretar o mundo em que vivemos e como nos relacionamos com ele. Assim, esse primeiro passo é um convite a criar e preparar um universo, um mundo e sua cosmo-percepção, para o qual vocês convidarão as participantes a habitá-lo. É como preparar um terreno, adubar e molhar a terra, para que as sementes possam ser colocadas e ali germinarem saudáveis e fortes.
Nessa etapa, as facilitadoras podem contar, se possível, com a ajuda de diferentes recursos como materiais que inspiram, referências artísticas, políticas, culturais, etc. Caso exista essa opção, pensem na possibilidade de contar com o trabalho de um artista visual ou um designer, que pode ainda ajudar na construção da identidade visual de sua Gincana Monstra, mas isso é uma sugestão.
O importante aqui é trazer e ativar a criatividade para convocar todos os elementos que irão compor a partir de agora o universo da sua Gincana Monstra!
Para quem é esta atividade
Para as pessoas que facilitarão as atividades da Gincana.
Tempo estimado
6h + intervalos.
Materiais
- Tarjetas, materiais diversos de expressão artística, papel kraft, caderno, canetas, etc.
- Equipamentos e infraestrutura: paredes (para fixar tarjetas), projetor, mesas e cadeiras para formação de grupos, etc.
Construindo a cosmovisão da Sua Gincana Monstra [atividade]
Este roteiro foi elaborado para um encontro de 6 facilitadorxs que estavam criando um projeto de Gincana de cuidados digitais. A construção da Cosmovisão se deu em 1 dia de atividade presencial, em um encontro que durou 5 dias.
São diversas as possibilidades de construção de cosmovisão para uma Gincana! Nossa sugestão é que, se possível, seja realizada com todo o grupo que vai compor/construir o processo de aprendizagem. Assim, além de construir uma linguagem em comum, também é um sonho compartilhado.
O importante para esta atividade é criar um ambiente de confiança que convide à imaginação e criatividade, um brainstorm sem julgamentos, onde tudo é possível. Para que as ideias possam fluir, sendo registradas e organizadas, até que o inconsciente coletivo guie todas pessoas para uma intenção, uma imagem, ideias que abarcam os desejos do grupo.
Pode ser tão simples quanto chamar uma artista que vocês admiram e fazer um papo guiado com um roteiro pré definido de perguntas, ou tão lúdico quanto o roteiro abaixo apresentado.
Para quem é esta atividade
Para todas as pessoas que estão construindo a gincana.
Quantidade de participantes
Sugerimos 4 a 12 pessoas.
Tempo estimado
Pode permear todo o encontro, mas no mínimo 6h.
Formato
Presencial.
Recursos
Todo recurso possível para expressão pessoal: uma grande mesa ou espaço coberto no chão.
Extra: Documentação, referências inspiradoras e equipe
Documentação
A documentação desse encontro foi o registro numa grande timeline na parede do local do encontro. Essa timeline foi toda organizada visualmente, fotografada, impressa, recortada e montada junto com outros assuntos que atravessaram o encontro (como receitas, referências e mais).
Além disso, foi transformada em um grande zine, que acabou sendo um projeto/nota conceitual criativa para nos ajudar a obter apoio e captação para a atividade.
Além da câmera digital para fotografar os cadernos e posteriormente a parede para montar o zine, também contamos com uma câmera instax para nos fotografar, e alguns detalhes ao longo das atividades.
Foi distribuído um caderno individual sem pauta, para desenhos e anotações das diversas atividades durante o encontro. O compartilhamento dessa documentação foi realizado na forma de fotografias, que foram sendo impressas ao longo da atividade e coladas na parede com as demais documentações.
Todas as sessões tinham pessoas responsáveis pela documentação, tanto dos aspectos práticos mas também dos sutis. Sempre organizando visualmente na timeline da parede que servisse de suporte para a próxima atividade.
Referências inspiradoras
Durante a chegada das pessoas e em momentos de relaxamento, deixamos passando vídeos inspiradores de acampamentos, gincanas, encontros e festivais.
São alguns deles:
- Green Earth Awakening is a Buddhafield project clique aqui para assistir
- Uma Grande floresta: No gods No masters Festival 2018 clique aqui para assistir
- Clima do CCC Camp 2019 clique aqui para assistir
Equipe
Todas as atividades de alimentação, organização, facilitação e limpeza foram também realizadas pelo grupo como uma forma de exercitarmos as parcerias, divisão de trabalho e também nos conhecermos um pouco melhor.
Sonhando a Gincana
Roteiro detalhado para sessões
Sessão 1: Mística de chegada [20 minutos]
Objetivo
Descontrair e criar vínculos afetivos.
Material
Sino e aromatizador natural
Como
De preferência em duplas, conectando as pessoas do grupo que menos se conhecem.
“Quem você é para além do seu trabalho/ativismo?”
Assim as pessoas se apresentam umas para as outras.
Cada pessoa terá 5 minutos para se apresentar. Tocamos um sino após 5 minutos e em seguida após 10 minutos, para indicar o tempo.
Voltamos para a roda grande e cada pessoa apresenta a outra pessoa da dupla para a roda com todas.
Sessão 2: Imagem & energia [60 minutos]
Objetivo
Construir a cosmovisão, o conceito pedagógico, e a energia que queremos para a Gincana.
Materiais
Cadernos de desenho, folhas de flip, canetinhas, canetões, giz de cera, lápis de cor, glitter, cola, papéis coloridos e tesoura.
A. Construção de personagem [10 minutos]
Individualmente, cada pessoa imagina, descreve, desenha um personagem, um monstro que gostaria de assumir durante a Gincana.
Algumas perguntas animadoras para essa construção:
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Como é a sua aparência?
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Como você se comunica?
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Qual dos sentidos você tem mais apurado?
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Você tem gênero? Se sim, como você o experiência?
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O que te motiva?
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Que coisas você mais gosta no universo?
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Do que você não gosta?
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O que você mais gosta sobre você?
B. Construção de comunidade [30 minutos]
Em grupos, cada pessoa apresenta seu personagem, seu monstro, e coletivamente vamos pensar na comunidade que esse grupo de monstros pode fundar.
Perguntas orientadoras:
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Quais são os seus valores?
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O que une vocês?
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Como vocês cuidam um dos outrxs?
-
Como é o mundo de vocês? Como se chama?
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O que vocês celebram, e como celebram?
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Qual é a principal força ou problema que a sua comunidade luta contra ou enfrenta?
-
O que vocês querem cuidar ou defender na sua comunidade?
C. Nosso ecossistema [30 minutos]
Deixamos tarjetas e canetões disponíveis e um espaço no centro no chão. Conforme os grupos forem apresentando, todos podem anotar ideias chaves nas tarjetas e ir organizando no chão, disponibilizando para os grupos.
Todos são convidados a interagir! Somando, juntando e aproximando ideias conforme o papo vai acontecendo. Todxs podem intervir nessas tarjetas.
No coletivo, cada grupo apresenta sua comunidade e tentamos achar pontos em comum. As ideias-chave vão sendo anotadas e organizadas no centro, porém sem obrigação de chegar a consensos.
A partir dessa montagem será possível ter uma imagem e uma vibe coletiva para a Gincana \o/
É hora de fazer rodadas para todos apresentarem suas impressões, e tentamos capturar/documentar em tarjetas:
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Como são os participantes;
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Quais são nossas motivações;
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Quais os sentidos e sensações presentes (cores, sabores, emoções, sentimentos, sons…);
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Quais valores compartilhamos;
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Quais problemas surgem e /ou enfrentamos;
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O que nos une;
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O que celebramos;
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Como nos cuidamos;
-
Nomes, palavras chaves e tags.
[Intervalo para almoço]
Sessão 3: O que a nossa Gincana tem? [60 minutos]
Objetivo
Aflorar as vontades e desejos! Materializar a Gincana!
Como
Materializar fisicamente os nossos desejos para a Gincana, construindo uma escultura coletiva!
Materiais
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Argila
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Papelão
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Palito de picolé
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Papéis Coloridos
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Fios coloridos
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Canetinhas
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Canetões
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Revistas
-
Papéis coloridos
A. Reflexão pessoal [30 minutos]
É necessária a construção de um ambiente de não julgamento e colaboração.
A intenção não deve ser de disputa artística, já que a construção estética não é a intenção, e sim de oportunidade de podermos refletir e expressar nossos desejos e sabedorias mais profundas quando pensamos em processos de aprendizagem coletiva.
Vamos dar tempo para uma reflexão pessoal e, individualmente, cada pessoa vai construir sua escultura da gincana com os materiais disponibilizados.
Algumas perguntas disparadoras:
-
Como seria a gincana dos seus sonhos?
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O que ela teria?
-
Quais são os sentidos e sentimentos que a permeiam?
Não existe regra para a escultura! Pode ser uma figura, pode ser uma imagem, uma combinação de cores e linhas, uma poesia... Sem regras, é seu tempo de reflexão.
Vamos explorar as imagens que surgirem do nosso consciente e inconsciente ao longo do processo.
B. Compartilhando e reconstruindo [30 minutos]
No grupão, vamos compartilhar nossas esculturas, apresentando nossas ideias e reflexões que surgiram ao longo do processo.
Após todos apresentarem suas obras, apresentamos um local onde faremos a construção coletiva de nossa gincana.
Convidamos a todos agora, de forma interativa, a inserir suas obras no local. Pode já ir interagindo um com as obras dos outros. Vamos explorar todo o espaço destinado. As posições, cores e formatos se comunicam, e queremos aprender com isso também.
Esse espaço ficará montado ao longo de todos os dias da atividade, e podemos rever, mexer, retirar e acrescentar o que quisermos nessa escultura coletiva. Nesse processo de reconstrução, se necessário, lembrar que desapegar de algumas ideias pode ajudar a dar espaço para o novo.
“Eu me organizando posso desorganizar. Eu me desorganizando posso me organizar.” - Chico Science.
Observações
Essa escultura não é para se concretizar literalmente no que vai ser a Gincana, mas serve para compartilharmos nossas intenções.
No fechamento dos 5 dias de encontro, fizemos uma última visita a nossa escultura coletiva, tiramos foto para entrar na documentação, todos passearam olhando atentamente para os detalhes da escultura coletiva. Então fizemos uma breve rodada de comentários entre nós, documentando os pontos-chave das reflexões!
Sessão 4: Intenção macro da Gincana [25 minutes]
Objetivo
Encontrar a liga e intenção comum da Gincana.
Materiais
- Folhas flip ou papel craft
- Canetões
- Canetinhas
- Fita adesiva
- Folha A4
Como
Construção da frase coletiva
A nossa intenção com a Gincana é _____________?
Cada pessoa elabora uma frase que traduza a intenção da Gincana, e escreve grande numa folha A4. Passados 5 minutos, cada pessoa lê uma frase, e uma delas é escolhida pelas outras apenas para começar a atividade.
Essa frase é escrita bem grande numa folha de FlipChart.
É estipulado um tempo onde todas as pessoas podem interferir na frase, escrevendo, reescrevendo, voltando a ser o que era, rabiscando o papel.
A única regra é que não se pode usar comunicação verbal entre os participantes nesse tempo!
As pessoas vão lendo e interagindo dentro do tempo estipulado, uma vez acabado o tempo, não se mexe mais na frase.
E assim formamos a intenção coletiva para a Gincana!
Sessão 5: Fechamento - de trás para frente [15min]
Objetivo: um ritual de encerramento das atividades do dia, exercitando a memória, compartilhando e validando as aprendizagens. Para fecharmos o dia com diversão e alto astral.
Como: Todos vão ajudar a narrar o dia de trás para frente, trazendo as aprendizagens e o que ficou de todas as atividades.
Sessão 6: Check out [15 minutos]
Objetivo
Checar como todos estão se sentindo no final do dia e como foi a energia da oficina.
Como
Um jogo de mímica! Cada pessoa recebe uma bolinha imaginária, moldamos ela para que tenha a forma de como está se sentindo (sem deixar de ser uma bolinha). Depois de um tempinho, passa para frente!
A facilitadora dá um exemplo inicial, exemplo:
"Vocês estão vendo essa minha bolinha? Olha só uma das formas dela expressar como foi o dia e como estou me sentindo."
Faz gesto de uma bolinha que pula sozinha, toda serelepe. Ou uma bolinha pesada e difícil de rolar indicando cansaço.
Estabelecendo o formato da Gincana
Introdução
Essa atividade pode ser toda realizada num mesmo encontro, junto com as atividades de Construção da Cosmovisão. Ao entrar em contato com as participantes todas essas informações já podem ser oferecidas, tirando as dúvidas que possam surgir inicialmente.
O objetivo é construir coletivamente um formato para a Gincana, pensando os diferentes aspectos que a constituem, incluindo o cuidado coletivo e o autocuidado, atravessando toda a gincana.
Nessa atividade, queremos definir o seguinte:
- Tempo de duração
- Dedicação esperada das participantes
- Como as equipes irão se estruturar
- As atividades serão síncronas ou assíncronas?
- Teremos momentos de dedicação além das oficinas?
- Quais serão as entregas?
- Teremos mentoria ou acompanhamento?
Para quem é esta atividade
Todas as pessoas que estão construindo a gincana.
Quantidade de participantes
Sugerimos de 4 a 12 pessoas.
Tempo estimado
1 hora de duração.
Formato
Presencial ou on-line.
Material
- Tarjetas
- Parede livre
- Flipchart
- Local apropriado para atividades em grupo
- Canetinhas e canetões
Como
A partir das experiências que já tiveram como participantes e organizadores de atividades e eventos, e também através do uso da imaginação do que pode vir a ser a Gincana, discutimos e anotamos as ideias para o formato de toda a Gincana.
Roteiro detalhado
Sessão 1: Aprendendo com a memória [30 minutos]
Em grupos, partilhamos as experiências que tivemos em processos de aprendizagem, o que foi legal e o que não foi legal, em termos de formato, infraestrutura, convívio, ferramentas, duração, atividades, propostas de cuidados...
Tudo que possa dar contorno à atividade que estamos construindo!
Todas as ideias devem ser anotadas em um flipchart.
Algumas perguntas orientadoras:
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Dos eventos e processos que você já participou, algum teve um formato que você acha inspirador? O que te agradou e porquê?
-
Como queremos receber as pessoas? O que cria um ambiente de convite à aprendizagem?
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Um processo só, em que o grupo caminha junto, ou um processo mais autonomista, pulverizado em trilhas? Porquê?
-
As atividades serão organizadas por nós ou abriremos para participantes proporem atividades?
-
Conversar honestamente sobre tempo real de dedicação das ativistas para as atividades, tempo de duração, quantidade de conteúdo e recursos financeiros disponíveis para o processo de aprendizagem da Gincana, para tomada de decisões realistas.
-
Que materiais, infra estruturas e ferramentas podem ajudar com o processo?
Lembre-se! Crie uma lista de perguntas provocadoras próprias conforme a realidade de vocês.
"Forma" pode ser definido como a parte de qualquer fenômeno que tem a função de motivar um sentido na mente de um intérprete. Essa motivação de sentido é via de regra de natureza empírica, o que faz com que a noção de "forma" esteja muitas vezes associada à materialidade dos fenômenos perceptíveis.
Sessão 2: Partilhando e organizando [30 minutos]
Agora, todos na roda grande, partilham ideias e conversas. Toda ideia nova é anotada por uma pessoa em tarjetas que serão afixadas na parede por outras pessoas, organizando as ideias por proximidade e afinidade.
Finaliza-se conversando sobre os pontos anotados que são divergentes, para chegar em um lugar possível para a realização. Não necessariamente tudo precisa sair alinhado dessa reunião, alguns pontos podem amadurecer ao longo das próximas reuniões de equipe.
Agora é hora de enviar os convites e mobilizar participantes!
Definindo, convidando e mobilizando participantes
Depois de construir a Cosmovisão da sua Gincana Monstra é hora de pensar sobre participantes.
Introdução
Depois de construir a Cosmovisão de sua Gincana Monstra, é hora de pensar nas participantes. Quem são essas participantes? Como fazer os convites? Já existe um grupo de participantes definido e interessado no processo? Se já existe, você pode pular para a sessão “Levantando Informações Preciosas”. Não? Então comecem a pensar nos convites!
Para nós, foi mais fácil estabelecer alguns critérios para construir a lista de convidadas. A partir de nossa análise de contexto do campo dos cuidados digitais no Brasil, estabelecemos alguns critérios como o de territorialidade, convidando ativistas e coletivas que estivessem fora do sudeste, prioridade para mulheres negras, quilombolas e indígenas, pessoas transexuais e não binárias, e ainda que tivessem diversidade de idade.
Essa é uma lista de critérios que podem orientar essa discussão:
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Território
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Gênero
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Raça
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Diálogo com o trabalho da organização
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Campo de atuação
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Vontade de aproximação da organização
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Se já pediu e/ou recebeu algum auxílio
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Situação de vulnerabilidade e risco
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Necessidade
-
Perfil socioeconômico
Também estabelecemos a quantidade de vagas em função dos recursos humanos e financeiros que tínhamos. A partir daí, fechamos a lista de pessoas e organizações convidadas.
Estruturamos os convites em duas chamadas. Uma primeira com poucos nomes para além do limite definido. E uma segunda chamada apenas se fosse necessário, em caso de convites recusados e vagas em aberto.
Nesse caso, não foi necessário estabelecer uma lista de critérios de escolha, mas pode ser que seja necessário dependendo da forma como escolherem abrir ou divulgar as inscrições.
No caso da nossa Gincana, não fizemos nenhuma divulgação ou anúncio público. Na nossa análise, não seria necessário e não traria ganhos.
Também é importante nesse momento a reflexão sobre como será o formato da gincana, tempo de duração, se as pessoas deverão se inscrever em equipes e de qual tamanho, tempo de dedicação esperado e se haverá suporte para compra de créditos de internet.
É com base nessas informações que as pessoas poderão decidir se querem participar e se possuem a disponibilidade necessária.
Agora é hora de convidar! Você pode enviar os convites via e-mail ou começar um contato mais próximo com cada participante. Os convites podem ser feitos para o grupo ou coletivo, indicando a quantidade de integrantes ou apenas uma. A intenção de quem está organizando tem que ficar explícita, para não gerar dúvidas. Outra opção é fazer convites direcionados a ativistas diretamente, e na impossibilidade de sua participação a próxima da lista é convidada.
Com a lista de participantes em mãos, e a Cosmovisão construída, escrevemos o código de conduta e o e-mail convite, que compartilhamos abaixo:
Código de conduta
O código de conduta é um instrumento para a criação de espaços seguros, que celebrem a diversidade e que apontem caminhos e recursos para a realização de denúncias em caso de situações que causem desconforto, violência ou desrespeito.
Abaixo segue o nosso código de conduta, que pode servir de modelo para elaboração de outros, a partir de cada contexto, experiência e desejos.
</> Código de Conduta para a Gincana </>
A gincana é uma espaço para acolhimento, diversidade e troca de saberes. É essencial que todas as pessoas se sintam livres para compartilharem suas dúvidas e opiniões de forma respeitosa, priorizando a inclusão, o diálogo, a aprendizagem e a colaboração. Por prezarmos pela segurança, os endereços dos encontros não devem ser publicados em canais abertos, tais como as redes sociais.
Este Código de Conduta tem por objetivo proporcionar uma experiência segura e leve com ampla e diversa participação, independentemente de gênero, condição física, cognitiva ou socioeconômica, orientação sexual, aparência, raça, etnia e religião (ou ateísmo). Não toleraremos qualquer discurso e prática que colaborem com opressões, tais como machismo, homofobia, transfobia, misoginia, lesbofobia, psicofobia, capacitismo, xenofobia e racismo.
Para participar da gincana é imprescindível que todes participantes concordem com este documento.
Durante as atividades esperamos a cooperação de todes para a promoção de um ambiente seguro.
Não são aceitáveis a criação, exibição e compartilhamento de imagens ofensivas ou que exponham a privacidade de outra pessoa; a intimidação deliberada; a perseguição on-line ou off-line; a fotografia ou filmagem não-consentida; as interrupções constantes de fala; e a atenção sexual não-desejada e não-consentida.
As pessoas cujo comportamento infrinja este documento serão advertidas uma única vez e devem imediatamente cessar as práticas ofensivas e se retratarem. A violação destas condições resultará na retirada da gincana
Se você passou por alguma situação de assédio ou discriminação, entre em contato com a organização e exponha o ocorrido para que possamos tomar as medidas.
Se você presenciou alguma destas situações com outras pessoas, intervenha ou fale com a organização. Não seja conivente com nenhuma prática de violência!
A organização tomará as medidas necessárias para impedir que os assédios ou discriminações se repitam.
Recomendações / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /
- Use linguagem acolhedora e inclusiva. Não se dirija a outras pessoas de forma degradante ou que possa intimidá-las.
- Tenha cuidado com as palavras. Comentários e piadas ofensivas não são aceitáveis. Esteja atenta à maneira como as palavras que você escolhe podem afetar as outras pessoas.
- Todas as pessoas devem ter a oportunidade de serem ouvidas. Não interrompa a fala de outras participantes e faça comentários sucintos de modo a permitir o envolvimento de todas.
- Nenhum tipo de assédio será tolerado, seja físico, moral ou sexual.
- Toda interação deve ocorrer a partir do consentimento entre as partes. Saiba que o consentimento é explícito, consciente e contínuo – não está implícito. Se você não tem certeza se o seu comportamento em relação a outra pessoa é bem-vindo, pergunte. Se alguém lhe disser para parar, pare!
- Respeite a privacidade. Durante o evento, não é permitido fotografar, filmar ou gravar áudios*.
- A organização poderá fazer fotos, vídeos e gravações de áudio para a divulgação e documentação do evento. Porém, todes participantes serão consultades sobre qualquer tipo de restrição ou desacordo, e as imagens, devem evitar a identificação das pessoas.
- Tenha cuidado com a segurança individual e coletiva. Fica proibida a criação de eventos públicos em sites (como Facebook, Instagram ou Google) fornecendo informações sobre as atividades que acontecerão.
- A Rede Transfeminista de Cuidados Digitais realiza contatos exclusivamente por e-mail. Não aceitamos ou confirmamos inscrições por outros meios de comunicação.
Este Código de Conduta foi inspirado e modificado a partir do Código de Conduta da MariaLab (https://marialab.org) Cryptorave (https://cryptorave.org), Citizen Lab (https://citizenlab.ca/) e ThoughtWorks (https://www.thoughtworks.com/).
E-mail convite
Nesse e-mail, é importante a utilização de uma comunicação direta e precisa, mantendo também a discrição para não expor as demais participantes ou vulnerabilizar o processo. É importante também não deixar de lado o afeto, já que isso influencia na hora de decidirmos por participar ou não de uma atividade.
No e-mail devem estar informações importantes e já pensadas previamente pela organização da Gincana:
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Formato de participação
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A gincana acontecerá em equipes ou individualmente?
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Formato das atividades: síncronas ou assíncronas?
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Acontecerão atividades entre um encontro e outro?
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Descrição da proposta e objetivos.
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Tempo de dedicação esperado.
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Se é necessário algum tipo de conhecimento ou habilidade prévia.
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Adesão ao código de conduta.
Segue abaixo, como exemplo, um e-mail convite que elaboramos para a Gincana Monstra.
Queridas (ou ativista, ou coletiva/grupo convidada). Como estão vocês?
O cenário tem sido delicado, então, antes de qualquer coisa, desejamos que vocês e toda a sua rede de afeto estejam segures, com saúde física e mental (dentro das possibilidades) e a caminho da vacinação. :)
Somos a Rede Transfeminista de Cuidados Digitais e quem escreve é a_____________ (nos identificamos para criar laços desde o começo) =).
A Rede nasceu em 2018, diante de mudanças drásticas no cenário político nacional. Foi a resposta de uma articulação de treinadoras de segurança digital que atuam no campo de forma autônoma ou como integrantes de diferentes coletivas ou organizações (Coding Rights, Marialab/Vedetas e Cl4ndestina) para responder ao aumento da demanda por informações sobre como se proteger melhor no uso das tecnologias para o ativismo. Desde então, fizemos uma série de oficinas e atividades de conscientização sobre temas de cuidados digitais em várias regiões do país.
Chegou o momento de ampliar essa rede! Nosso contato é para contar, e, ao mesmo tempo, convidar, que sua coletiva forme uma equipe entre 3 e 5 pessoas, para se inscrever e participar da Gincana Monstra!
Então vamos lá: a Gincana Monstra é um processo de construção de redes, partilhas e aprendizagens que estão sendo pensadas num formato de gincana on-line. Primeiro para nos conhecermos e estarmos juntas em redes de apoio, já que seremos mulheres cis e trans, travestis, pessoas não-binárias e homens trans de várias localidades do Brasil. Segundo, para partilhar e construir conhecimentos a partir de nossas comunidades por meio de processos de aprendizagem e fortalecimento das nossas ações em coletividade.
E como toda gincana, nós também teremos tarefas, desafios, premiações \o/ e muita diversão! Tudo será feito para contemplar o máximo possível as realidades quanto a disponibilidade, conexão, habilidades, etc.
Monstrix: é como nos querem? É o que seremos!
Ser monstra é não ser humana, ou ser uma quase humana, mas não ser normal. E o que é a normalidade para a dimensão de mulheres, pessoas trans* e não-binárias que somos nós?
Mulheres indígenas e negras são desumanizadas, pessoas trans e travestis são desumanizadas, mulheres lésbicas e bissexuais são desumanizadas, pessoas não-binárias são desumanizadas, corpos fora dos padrões são desumanizados, e a depender do território de onde vem essa/esse sujeita/sujeite, são ainda mais desconsideradas/desconsiderades.
Monstrix são apontades como criaturas bestiais e demoníacas, mas para nós é romper com as regras que amordaçam nossas liberdades de ser e estar. Monstrix ferem as estruturas impostas porque ao passo que às monstras são negados os afetos, os espaços seguros, os segredos, as oportunidades… As monstras montam suas próprias estruturas de afeto e segurança.
Como forma de enfrentar os rótulos que nos atribuem, nos assumimos então como monstras. Quem disse que queremos ser apenas uma versão de nós mesmas? Somos as criaturas que transfiguram e assumem suas várias possibilidades. Trazemos a ideia de sermos monstras a partir de cosmovisões ancestrais, de que somos pessoas que transmutam, damos passagem às nossas várias possibilidades de existência de nossas corpas, de nossos sentidos, das várias formas como enfrentamos os sistemas que desumanizam e mutilam mulheres e pessoas LBTQI+. Ser monstra é criar caminhos, é olhar o futuro a partir do agora, é sermos vento, água, fogo e terra. E se a bestialidade que nos atribuem é a nossa liberdade: sejamos monstras, monstros e monstres!
Ser monstra no mundo digital é outro grande desafio. Enfrentamos vigilâncias, controles, precariedades, boicotes, binariedades... Os segredos dessas novas tecnologias são restritos aos homens brancos, ocidentais, que alimentam as infra estruturas capitalistas, cerceando as nossas humanidades e nossas liberdades. Assim, queremos nos encontrar com as muitas outras monstrxs que também desafiam essas lógicas e experimentar juntas as nossas possibilidades de ser, fazer, criar e transformar. Nossa infraestrutura é o afeto e entendemos a afetividade enquanto tecnologia, resistência e criação.
Esse é o nosso convite: realizar juntas a Gincana Monstra. Um espaço para trabalhar nossas dificuldades, de nos cuidarmos e cuidarmos umas das outras <3.
Quem é bem-vinde: Monstrix ativistas! Mulheres cis, trans e travestis, homens trans e pessoas não-bináries.
Como funciona: É quase igual a uma gincana não monstra. Cada coletiva, grupo ou movimento inscreve uma equipe de 3 a 5 pessoas (mulheres cis, pessoas trans e não-binárias). No formulário de inscrição, pedimos que respondam todas as informações solicitadas para ficar mais fácil organizar as dinâmicas e também para conhecer cada participante.
Os formulários serão analisados e é nossa missão juntar monstrix que tenham experiências diversas. Não estamos preocupadas com o quanto vocês entendem ou não do funcionamento da internet! Se suas habilidades forem mais básicas, nos contem sobre isso, se o acesso à internet é ruim, também nos interessa saber. O importante é que vocês gostem de tecnologia e desejem aprofundar no tema para inclusive ser uma monstra difusora de boas práticas digitais, a fim de fortalecer seu ativismo e de grupos de monstrix do seu coração ;)
As inscrições são gratuitas. E podem ser feitas neste formulário: [Forneça o link de um formulário seguro]
O resultado das equipes selecionadas será divulgado até o - preencha com data, lembre de deixar uns dias de folga, caso precise prorrogar-, pelos e-mails registrados no formulário de inscrição de cada equipe.
Premiação: Ao final teremos a entrega de prêmios no valor de _______, que será revertido na compra de equipamentos especialmente configurados por nós, para fortalecer suas ações políticas coletivas com mais segurança.
Nosso calendário:
Divulgação: a partir de ______
Período de inscrição: ______
Divulgação resultados: ______
Duração da gincana: ______
Algumas dicas: Estimulamos equipes mistas, com pessoas de diferentes áreas, tecnologia, comunicação, artes, etc..
Proporcione participação de mulheres cis, pessoas trans e não-binárias com diferentes acessos à internet (limitação de banda, de tempo e dispositivo).
Vocês podem montar sua equipe com pessoas e organizações que não foram convidadas, mas pedimos para não tornar público esse convite.
O prêmio será um kit com diferentes equipamentos para fortalecer a ação coletiva e processos de aprendizagem em cuidados integrais. Ao montar a equipe levem isso em consideração, estar num mesmo território ou fazer parte de uma mesma coletiva pode facilitar o uso destes, mas essa decisão é de vocês ;)
Alguns informes: O esquema será de desconferência. Todas as atividades poderão ser feitas síncronas ou assíncronas, garantindo a participação de quem tem limitação de acesso à internet e outras dificuldades e/ou tempos próprios.
Importante: Acreditamos que seja necessário um tempo de 5 horas semanais de dedicação para cada pessoa de cada equipe, mas as equipes terão autonomia para organizar seu tempo entre as atividades individuais e coletivas.
Teremos ajuda de custo com pacotes de dados para participantes que necessitarem ao longo do evento, pedimos que indiquem essa necessidade no momento da inscrição para nossa organização.
Os prêmios serão enviados para um único endereço indicado pelas equipes no formulário de inscrição.
As inscrições se encerram no dia _____ utilize esse tempo para formar a sua equipe! E vamos mergulhar nessa Gincana Monstra!
Ah! e só mais uma última coisinha! É muito importante para nós que você sinalize sua participação mesmo antes da inscrição, então se recebeu esse e-mail e quer se inscrever, responde para gente com um "Sim, estou montando a equipe e vamos nos inscrever" ou "recebi esse mail, mas não tenho interesse em participar". Isso nos ajudará a administrar as vagas e ampliar os convites.
Qualquer dúvida ou sugestão entre em contato conosco pelo email _________________ \o/ [pode ser email ou qualquer
E se as participantes não se inscreverem?
Tivemos essa experiência num primeiro momento. O que fizemos? Fomos conversar com elas.
O que mais ouvimos foi que estavam extremamente felizes e empolgadas com o convite, porém não achavam que iam dar conta do recado, e como feministas são extremamente comprometidas, preferiam não se inscrever.
Com esse desafio em nossas mãos, estendemos o prazo de inscrição, abrimos uma data para fazer um plantão tira dúvidas e ainda entramos em contato individualmente para falar que estávamos pensando sobre a sobrecarga das feministas, e que não seria necessário dedicação além da que havíamos comunicado no e-mail convite.
Resultado dessa ação foi que tivemos grande presença no plantão tira dúvidas e uma adesão massiva logo na sequência!
Levantando informações preciosas
Convites aceitos! É hora de levantar informações muito preciosas!
Introdução
Após a elaboração da Cosmovisão, e ainda sobre preparar o terreno, é muito importante que as pessoas que irão habitar esse universo sejam ouvidas!
Aqui é fundamental que sejam pensadas estratégias para levantar informações sobre as participantes. Algumas dessas informações podem ser:
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Idiomas falados
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Territórios em que vivem/atuam
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Fuso horário em que estarão durante a realização da Gincana
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Gênero das participantes,
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Tecnologias digitais disponíveis e quais elas têm mais familiaridade,
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Acesso à internet durante a Gincana,
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Disponibilidade para participação,
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Temáticas de interesse,
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Contextos políticos e culturais,
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Riscos e violências em que podem estar enfrentando
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E mais!
Essas informações reunidas são super valiosas para as facilitadoras, pois são elas que irão balizar as próximas etapas como a escolha das ferramentas e infraestrutura que será utilizada para a realização das atividades, o compartilhamento de materiais, as comunicações e etc.
Só com essas informações em mãos é que as facilitadoras poderão pensar quais canais de comunicação poderão utilizar com o grupo em um primeiro momento, por exemplo, por exemplo. Se todas utilizam Whatsapp, esse pode ser o primeiro lugar para reunir todas participantes e, conforme o processo caminhe e as participantes tenham interesse e condições, esse grupo pode migrar para o Signal.
Essas informações também indicarão qual o nível de segurança necessário para a gestão das informações trocadas ao longo do processo e como o grupo de facilitadoras buscará soluções para isso.
Além disso, indicarão também quais recursos podem ser necessários, como tradução de materiais ou tradução simultânea nos encontros, recursos para a acessibilidade de participantes que possam ter alguma deficiência física, facilitação gráfica, participação de convidados e etc.
É importante reforçar que tudo isso vai depender das características do grupo de participantes e dos recursos que as facilitadoras têm acesso. Por exemplo, se as facilitadoras têm acesso a um Nextcloud que pode ser compartilhado com as participantes, ou se existe recurso financeiro que pode viabilizar pacote de dados para as participantes que têm acesso limitado à internet.
Com criatividade e colaboração, todos os desafios poderão ser enfrentados e superados, lembrando sempre de respeitar os limites dos envolvidos!
Para esse levantamento das informações, sugerimos que as facilitadoras enviem para as participantes um formulário com todas as perguntas bem elaboradas para que as participantes possam responder e enviar as respostas.
As facilitadoras também podem fazer entrevistas com cada participante, seguindo um roteiro predefinido, para que as informações sejam as mesmas levantadas entre todas participantes.
Modelo de questionário
Este é apenas um modelo de questionário, lembre-se de adequá-lo para suas necessidades, recursos e realidade.
Esse questionário tem o objetivo de nos ajudar a conhecer melhor cada participante, a cultura em que estão inseridos, particularidades e a infraestrutura digital que possuem para a participação nas atividades.
Apenas as perguntas sinalizadas com um asterisco (*) são obrigatórias. Fora elas, responda se sentir confortável.
Serão necessários 40 minutos para responder o questionário. Lembre-se que você pode salvá-lo a qualquer momento para responder com calma. O questionário está disponível até às 23h55 (UTC+00), do dia 9 de maio. Não deixe para o último minuto!
Qualquer dúvida, envie um e-mail para: ________________________.
Como mencionamos no convite, nossos territórios são muito relevantes em relação aos nossos universos, então nos tópicos envolvendo a questão do território, conta para gente tudo o que quiser e puder sobre. Sinta-se livre para nos dar detalhes, nomes, cheiros, cores, sensações, expressões ou termos com significados particulares. Tudo que for importante para você!
Política de dados
Todas as informações coletadas através deste formulário serão utilizadas exclusivamente para o registro de participantes para o evento Abrindo o Código, da Gincana Monstra. Nessa plataforma, não coletamos informações relativas à geolocalização ou endereços de IP. Não usamos cookies. As informações coletadas serão armazenadas e manuseadas com confidencialidade pela equipe da Rede Transfeminista de Cuidados Digitais. Em nenhuma circunstância dados pessoais serão utilizados para outra finalidade, nem serão compartilhadas com outros participantes. Os dados pessoais serão deletados 12 meses após o evento.
Se você concorda com essa política de dados, por favor marque o box abaixo.
( ) Eu reconheço e concordo com a política de dados deste formulário.
1. Informações Pessoais
2. Identidade
Com o objetivo de saber mais sobre você e de promover um evento plural que respeite todas as identidade, nas perguntas a seguir vamos perguntas sobre sua raça, sua etnia, identidade de gênero, orientação sexual e atuação em movimentos políticos e sociais.
Essas informações são consideradas sensíveis pela Lei Geral de Produção de Dados (Lei n. 13709 de 2018) e por isso receberão tratamento especial no que diz respeito ao consentimento para a coleta e processamento.
Lembre-se que esses dados serão coletados, manuseados e armazenados com segurança e confidencialidade, e não serão compartilhados com terceiros. Dados pessoais serão deletados após 12 meses.
*Sua inscrição não será recusada se não aceitar oferecer essas informações.
Você concorda em revelar sua raça, etnia, identidade de gênero, orientação sexual e atuação em movimentos políticos e sociais para que possamos alcançar os objetivos deste formulário para o evento Abrindo o Código, da Gincana Monstra?
Selecione uma das opções a seguir:
( ) Sim. Eu concordo que meus dados sejam coletados e processados para a objetivo deste formulário de inscrição.
( ) Não. Eu não concordo que meus dados sejam coletados e processados para o objetivo deste formulário de inscrição.
[perguntas que somente serão apresentadas caso a resposta para a pergunta anterior seja SIM]
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Raça/Etinia:
-
Identidade de gênero:
-
Orientação sexual:
-
Com qual território você se identifica? Sem considerar necessariamente países, continentes e/ou fronteiras?
[perguntas que não necessitam de consentimento e podem ser feitas a todas]
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Como você prefere ser chamada?
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Qual pronome você usa?
-
Você possui alguma deficiência, ou possui necessidades especiais para participar dos encontros? Se sim, quais:
3. Conhecendo você melhor
Por favor, sinalize suas áreas de atuação:
( ) Tecnologias ancestrais
( ) Tecnologia da informação (programação)
( ) Redes comunitárias
( ) Segurança da informação (qualquer atividade)
( ) Comunicação
( ) Design
( ) Educação
( ) Facilitação
( ) Design de projetos
( ) Artes
( ) Cultura
( ) Artesanato
( ) Política
( ) Gênero
( ) Raça
( ) Território
( ) Meio ambiente
( ) Religião/Espiritualidade
( ) Saúde
( ) Software livre
( ) Hardware livre
( ) Criptografia
( ) Hack
( ) Autonomia
( ) Feminismo
( ) Comunicação para mobilização
( ) Desobediência civil
( ) Não-violência
( ) Storytelling
( ) Defesa de direitos
( ) Outros:
Conte-nos um pouco da sua jornada até agora! Quais grupos, coletivos, organizações e ativismos fazem parte da sua trajetória pessoal e política?
Você tem alguma experiência em cuidados digitais e facilitação de processos? Conte-nos um pouco sobre isso.
4. Cuidados pessoais e coletivos
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Na sua opinião, o que é cuidado pessoal? E cuidado coletivo?
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Quais hobbies ou atividades você costuma praticar para relaxar e recuperar seu equilíbrio?
Abaixo pedimos algumas indicações e referências que pretendemos usar ou compartilhar nas atividades:
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Compartilhe com a gente 3 músicas que vocês gosta
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Compartilhe 3 links para artes ou referências visuais do seu território.
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Compartilhe o nome ou perfil de uma pessoa ou personagem que expande seu pensamento.
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Compartilhe um perfil, página ou humorista.
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O link de 3 projetos que você gostaria que outras pessoas conhecessem.
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Compartilhe um ditado ou sabedoria tradicional típica da sua cultura ou território, como um presente para outras participantes. Se possível, escreva na língua original.
5. Abrindo o Código da Gincana Monstra
O que você gostaria de ver, aprender ou trocar ao longo das atividades?
Qual é o seu fuso horário?
Por favor, marque os melhores dias e horários para a sua participação nas atividades (se você não tem preferência, pode deixar em branco).
Dia da semana:
( ) Segunda ( ) Terça ( ) Quarta ( ) Quinta ( ) Sexta ( ) Sábado ( ) Domingo
Horário de início (marque de acordo com o seu horário local, considerando a duração de 2h30).
( ) Entre 01h e 03h
( ) Entre 04h e 06h
( ) Entre 07h e 09h
( ) Entre 10h e 12h
( ) Entre 13h e 16h
( ) Entre 17h e 18h
( ) Entre 19h e 21h
( ) Entre 22h e 24h
Você irá participar das atividades utilizando um telefone celular ou computador? Com qual sistema operacional? Se você possui mais de um, por favor, liste-os:
Como você prefere se comunicar durante as atividades? Por favor, indique quais dessas opções você se sente mais confortável em utilizar.
( ) Mailing
( ) Telegram
( ) Signal
( ) Matrix
( ) Mattermost
( ) Discord
( ) Slack
( ) IRC
( ) Estou abertx a sugestões
( ) Não gostaria de instalar novas aplicações
Outros (liste todos):
Você pode instalar um software para participar das comunicações em grupos?
( ) Sim
( ) Não, por que não possuo espaço de armazenamento suficiente
( ) Não, por que não gostaria de usar nenhuma aplicação
( ) Outro (explique):
Você se sente confortável utilizando:
( ) Pad
( ) Padlet
( ) NextCloud
( ) BBB - Big Blue Button
( ) Jitsi
( ) Zoom
( ) Mumble
( ) Mumla
( ) Password keychain
( ) E-mail criptografado
( ) Sistema operacional Linux (debian, ubuntu, ...)
( ) Sistema operacional Windows
( ) Sistema operacional Tails
( ) Android
( ) iOS (iPhone OS)
( ) Lineage
( ) Criptografia de dispositivos
( ) Outro: ________________
Tem alguma ferramenta, tecnologia, serviço ou metodologia que você gostaria de compartilhar ou sugerir?
Você tem alguma necessidade pessoal ou acordos que gostaria de propor para que sua experiência seja confortável em termos de bem-estar, integração e segurança durante o período das atividades?
6. Compromisso de interesse e co-responsabilidade
Você confirma seu interesse, disposição e disponibilidade para participar das atividades conosco durante o mês de julho, seja de forma síncrona ou assíncrona? Esperamos de você uma dedicação de em média 4 horas por semana, isso incluindo atividades principais e extras.
( ) Sim
( ) Não
Você reconhece e concorda com os termos do Código de Conduta?
( ) Sim
( ) Não
Kit de ferramentas
Quando falamos em ferramentas para a realização da Gincana Monstra, pensamos naquilo que pode auxiliar em todo o processo, seja para a realização das atividades e sessões ou para as comunicações.
Estamos falando desde e-mails, apps mensageiros, até o armazenamento de materiais e conteúdos, como o NextCloud, por exemplo.
Recomendamos a priorização, mas não a exclusividade, do uso de ferramentas digitais seguras, livres e acessíveis, que possuam as mesmas funcionalidades de aplicativos e programas já utilizados no cotidiano de boa parte das participantes.
Mas lembrem-se: não adianta propor uma tecnologia ou hospedar uma infraestrutura nova se as participantes não têm dispositivos que permitam a instalação de novos aplicativos ou se não contam com pacote de dados suficiente para participar de videoconferências.
Nessa hora um grande aliado é o formulário de inscrição - com o formulário, é possível coletar informações-chave que vão orientar a escolha das ferramentas que serão utilizadas e oferecidas ao longo da Gincana.
Ao criar o formulário de inscrição, leve em consideração os seguintes critérios, por exemplo:
Como pretendem reunir as participantes e realizar as comunicações.
- Se é importante ter um lugar para edição colaborativa de documentos.
- Se serão disponibilizadas vídeo aulas.
- Como será o envio de material, entre outros.
A partir disso, pergunte para as participantes quais recursos dispõem para participar das atividades, e o que pode ser feito por parte da organização da Gincana para facilitar a participação.
- Informações sobre dispositivos.
- Sistemas operacionais.
- Limitação para instalação de novos aplicativos.
- Disponibilidade para instalar apps novos.
- Que tipo de serviços utilizam ou estão familiarizadas.
-Se as participantes têm internet de fácil acesso ou pacote de dados suficiente para participar de reuniões on-line.
- Qualidade da conexão com a internet.
- Outros.
Tudo isso vai ajudar na hora de fazer a escolha das ferramentas!
Considere utilizar plataformas e ferramentas que podem ser acessados do navegador e não precisam ser instaladas.
Priorize aplicativos que tenham boa visualização e usabilidade, tanto do computador quanto do celular.
Outra informação importante é saber se entre participantes existem portadoras de deficiência para que sejam tomados todos os cuidados, a fim de garantir a participação integral e com qualidade para todes.
As tecnologias e infra estruturas digitais podem ser grandes aliadas na luta feminista, anti LBTQI+fóbica e antirracista. Para que as participantes possam se familiarizar com ferramentas novas, considere realizar encontros específicos de instalação e testagem das ferramentas, assim qualquer pessoa que esteja com dificuldades terá a oportunidade e o apoio para olhar para suas dúvidas com a atenção e dedicação necessárias e assim se sintam seguras e confortáveis com o uso.
Crie espaços como os Plantões, que podem ser temáticos, abordando o uso e configurações de uma única ferramenta.
Compartilhe guias, manuais, zines e tutoriais, preferencialmente com uma linguagem o mais acessível possível. Em casos de ferramentas mais específicas, considere criar seu próprio material, o mais descomplicado possível, com imagens, passo-a-passo, seguindo a identidade visual da Gincana e que permita que pessoas de diferentes níveis de letramento tenham acesso.
Também é possível reutilizar ou mixar materiais criados para outros processos ou ainda criados por grupos parceiros. O importante é que sejam materiais com uma linguagem que comunique com as participantes e que respeite critérios e valores importantes para o grupo.
Para além disso, considere ainda realizar plantões para sanar dúvidas gerais sobre tecnologia, ou sobre dificuldades com ferramentas que são utilizadas por elas, mas que não estão diretamente ligadas à Gincana.
Dica: Ao abordarem os critérios para escolha das ferramentas, trabalhem com a lógica das ferramentas livres, feitas por ativistas e para ativistas. Uma reflexão interessante para acompanhar o grupo ao longo de toda a Gincana é o quão político pode ser o ato de escolher suas ferramentas digitais. Abordem a questão da autonomia, da privacidade, da transparência por trás do desenvolvimento delas.
A FERRAMENTA QUE USAMOS E APOIAMOS TAMBÉM SÃO ESCOLHAS POLÍTICAS!
Ferramentas que recomendamos
Podem ser usadas para apoio e suporte da Gincana, e também de referência para as participantes. Incentivamos que se aproximem e incentivem grupos locais e de preferência feministas que estão construindo e fornecendo esses serviços.
Ferramentas para edição colaborativa
Há um editor de texto para colaboração simultânea, em que várias pessoas podem editar ao mesmo tempo, chamado de "Pads". Ele pode gerar um endereço aleatoriamente ou você mesmo dá um nome ao endereço. Recomendamos não utilizar endereços óbvios e, nesse caso, recomendamos utilizar nomes aleatórios e super longos.
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Serviço hospedado e mantida por feministas: https://antonieta.vedetas.org
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Serviço feito por ativistas para ativistas: https://pad.riseup.net
Ambiente de nuvem para guardar documentos
Nextcloud é uma espécie de Google Drive melhorado, e uma das ferramentas utilizadas pela Gincana Monstra.
Ela oferece uma série de possibilidades para organização das atividades de nossas coletivas e organizações, desde o armazenamento e edição colaborativa de documentos, elaboração de formulários de pesquisa, compartilhamento de contatos, músicas, imagens, mensagens entre outras coisas bacanas.
Pode ser acessado via navegador ou app.
Temos grupos ativistas que oferecem hospedagem de NextCloud para organizações maiores, porém esse serviço tem um custo: https://maadix.net/es
Existem serviços que oferecem essa ferramenta de forma gratuita, por tempo limitado para teste. Damos preferência sempre para serviços oferecidos por ativistas que prezam pela nossa privacidade, é importante destacar que esse não é o caso: https://try.nextcloud.com/
Também existem serviços pagos, com planos com desconto para instituições:
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Educacionais: https://nextcloud.com/enterprise/buy/
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Spideroak: https://spideroak.com/one/
Servidoras de e-mails mais seguros
Talvez um pouco mais enjoados no começo, mas bem mais simples do que os mais usuais.
Riseup: https://riseup.net
É um tipo de email tão enjoado que precisa de convite para abrir uma conta. Mas por isso mesmo é um mundinho possivelmente melhor para as demandas das coletivas que prezam pela privacidade.
Quer fazer um e-mail do Riseup? Peça para alguém que já use esse serviço para te gerar um convite!
Existem também:
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Prontomail: https://prontomail.com/
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Tutanota: https://tutanota.com/pt_br/
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Precisa de uma lista de e-mail segura, para sua coletiva ou organização? Tem também:
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Riseup Lists: https://lists.riseup.net/.
Com o inconveniente de que é mais limitado no tamanho dos arquivos que podem ser enviados, se comparado ao gmail por exemplo.
Ferramenta de planilha colaborativa
Feito e mantido por mãos feministas brasileiras: https://eveliyn.vedetas.org
Outros: https://ethercalc.net/
Navegadores e buscadores
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Firefox: esse é o nosso eleito! Um navegador que possibilita navegações um pouco menos arriscadas e controladas através da instalação de plugins: https://www.mozilla.org/pt-BR/firefox/new/
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Cromium: um navegador funcional para sites que não tão bem desenvolvidos, e que não funcionam corretamente no Firefox.
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Palemoon: age como uma versão mais leve do Firefox e funciona bem em computadores antigos.
Buscadores
DuckDuckGo: um buscador que não rastreia nossas navegações, alimentado de forma colaborativa. Para a organização de coletivas feministas não ter nossa navegação (e afetos) rastreada, é muito importante evitar vigilâncias excessivas sobre nossas pegadas na internet e evitar anúncios indesejados.
Observação: O Firefox tem uma extensão "DuckDuckGo Privacy Essentials", que por padrão faz nossas buscas no Duckduckgo, e ainda nos protege ao navegar.
Mesageiros
Nosso queridinho de todos é o Signal. Podemos fazer chamadas de vídeo e áudio, todo o conteúdo é criptografado, é software livre e ainda tem senha para entrar no aplicativo.
Mas para entender os parâmetros e fazer sua própria escolha, oferecemos duas tabelas de comparação entre diferentes softwares de mensagens instantâneas e videoconferências.
Tabela 1: https://videoconferencing.guide/
Video e áudio conferências
JITSI: podemos utilizar ferramentas que prezam pela nossa privacidade na hora também de fazermos nossas videoconferências! Uma das alternativas é o JITSI. Basta entrar e criar um link para a sala de reunião, ou usar a combinação aleatória que a ferramenta oferece.
Qualquer pessoa com o link poderá acessar a sala, por isso evite nomes óbvios tipo “reunião”, para não ser incomodada.
Recomendamos as seguintes instalações:
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Feita e mantida por mãos feministas brasileiras (até 30 pessoas): https://chimamanda.vedetas.org/
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Baixe o manual do jitsi aqui (apenas em português): https://mariavilani.vedetas.org/#chimamanda-ngozi
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De ativistas para ativistas (até 15 pessoas): https://jitsi.eativismo.org/
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Instância pública que a própria ferramenta oferece, porém instalado em servidor que não conhecemos (muita gente ao mesmo tempo): https://meet.jit.si/BBB:
Durante a gincana utilizamos o BBB (Big Blue Button). A instância que utilizamos foi feita e está sendo disponibilizada privadamente para grupos feministas do Brasil.
Para acessar os manuais e guias do BBB (somente em português): https://mariavilani.vedetas.org/#angela-davis
MUMLA: um aplicativo para áudio conferência que pode ser instalado em telefones celulares. É bem pequeno, funciona em celulares antigos e é excelente para lugares onde a internet não é muito boa. Depois de instalado, deve ser configurado o endereço do servidor que será utilizado.
O projeto feminista Vedetas disponibiliza uma instância de uso público para grupos feministas brasileiros, veja os manuais e as informações para configuração e uso aqui: https://mariavilani.vedetas.org/#gaby-amarantos
Senhas
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Para baixar, instalar e ter acesso ao gerenciador de senhas KessPassXC: https://keepassxc.org
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Para verificar a força de sua senha: https://howsecureismypassword.net/
Observação: Não garantimos a segurança desse site, por isso coloque uma senha similar e não a sua exatamente!
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Verificar se suas senhas/contas já vazaram: https://haveibeenpwned.com/
Observação: É importante trocar para uma senha segura, caso sua conta tenha sido vazada.
Compartilhamento de arquivos
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De ativista para ativista. Os arquivos ficam armazenados por 12h, e não podem ser maiores do que 50mb: https://share.riseup.net/
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Para compartilhar arquivos que não sejam sensíveis (não garantimos a segurança dos dados nesse serviço): https://mega.nz/
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Permite compartilhar arquivos de maneira anônima, mas exige dedicação para entender o funcionamento: https://onionshare.org/
Bônus
Plataformas de colaboração multiserviços
Agendador de reunião online Framadate
Formulários, coleta e análise de dados
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Esse pode ser instalado na sua infraestrutura própria: https://www.limesurvey.org/
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Também recomendamos os formulários criptografados on-line do Jotform, que disponibiliza contas gratuitas tem algumas limitações: https://www.jotform.com/security/
Gerenciamento e criptografia de e-mail
https://www.thunderbird.net/pt-BR/
Alternativas de softwares e serviços livres de Google
VPN
Navegar anônimamente usando TOR
Sistema operacional anônimo e incógnito TAILS
Mapa aberto e livre
Sistema livre para celular Lineage
Um presente especial! [somente em inglês]
Zine para baixar!!
Baixe nosso Zine! REFERENCE MATERIALS - for facilitating learning processes in digital care:
References of TNDC zine.pdf - Documonstres.pdf (versão apenas em inglês)
Adubando o terreno
Caminhos da aprendizagem
Fio narrativo
São os macrotemas que formarão o que chamamos de fio narrativo ou fio condutor. As facilitadoras devem pensar de onde irão partir e onde querem chegar! Sempre atentas ao objetivo principal da Gincana.
É importante levar em consideração a expertise, habilidades e conhecimentos das facilitadoras envolvidas e também das demandas, necessidades e desejos das participantes e de suas coletivas, para que a Gincana esteja inserida em uma estratégia maior de apoio a ativistas, de fortalecimento do campo dos DDH's e dos cuidados digitais.
Devemos pensar em como os macrotemas e temas serão abordados e podem colaborar um com o outro, proporcionando um percurso de aprendizados e trocas, que no final darão um sentido ao todo.
Esses temas não precisam ser dependentes uns dos outros, mas podem ter conexões, serem complementares ou ainda aprofundar temas apresentados.
Vejamos um exemplo de fio narrativo
1ª semana: “Monstras Estelares Contra o Capital”
Macrotema: Reconhecimento do grupo, criação de vínculos, criação de uma linguagem em comum e elaboração dos valores que guiarão o grupo.
2ª e 3ª semanas: “Infraestrutura do Afeto”
Macrotema: Contextualizando o grupo sobre discussões em torno do que compõe as infraestruturas tecnológicas. Onde estamos e onde queremos estar nessas infraestruturas?
4ª e 5ª semanas : “Mensageiras de um novo mundo”
Macrotema: Como funcionam e como podemos utilizar estrategicamente ferramentas de comunicação, de mensageiros a sites.
6ª e 7ª semanas: “Abrindo códigos: Sustentabilidade e as próximas gerações”
Macrotema: Desenvolvimento de expertise em escrita de projeto e facilitação de processos de aprendizagem.
8ª semanas : “Celebração”
Macrotema: Festejar e celebrar também é muito importante para nós! Criação e fortalecimento de redes de solidariedade feminista para existência e permanência da vida e das lutas.
Sugerimos que as facilitadoras trabalhem cada macrotema seguindo a seguinte estrutura:
- Sessões Principais + Material de Apoio + Sessões de Aprofundamento ou práticas + Plantões + Aláfias.
Clicando aqui você pode ver um exemplo de como pode ficar a estrutura completa de uma Gincana Monstra com 8 semanas de duração e 4 Macrotemas mais microtemas.
Seguindo uma lógica modular, as facilitadoras podem acrescentar mais sessões a essa estrutura, conforme for necessário. Sendo assim, podem ter, por exemplo, 2 ou 3 plantões, 2 ou mais atividades extras, dependendo da complexidade do assunto explorado. Dessa maneira, a cada macrotema, ou ciclo de tempo, se repete essa estrutura.
A duração de cada ciclo ou macrotema pode levar o tempo que for interessante para o grupo. Pode acontecer em um único dia, pode estar dividida dentro do período de uma semana, com dias de intervalo entre as atividades ou pode ser ainda mais longo, com semanas de intervalo entre as atividades… Essa escolha é feita pelas facilitadoras, conforme a intenção da Gincana.
Lembre-se!
Quanto maior o espaço de tempo entre a realização das atividades, maior será a necessidade das facilitadoras manterem o engajamento das participantes. Para isso, podem utilizar os grupos em mensageiros, lista de email e outras ferramentas que façam sentido para o grupo. Esses espaços podem funcionar também como lugares para trocas de experiências, esclarecimento de dúvidas e envio de atividades, por exemplo, entre as participantes. Isso promove maior engajamento e colaboração com as organizadoras, que podem enviar músicas, referências, jogos, novas matérias sobre assuntos interessantes, fotos, para manter a energia do grupo curiosa e participativa.
Para as facilitadoras que estiverem interessadas em alguma atividade específica, é possível usar somente o roteiro da atividade/sessão de interesse.
Combine algumas das atividades/sessões ou utilize a estrutura sugerida por completo: Sessões Principais + Sessões de Aprofundamento ou práticas + Plantões + Aláfias.
Dica!
Além disso, é possível dentro das sessões extras abordar outros assuntos como atividades dedicadas ao autocuidado e cuidado coletivo, por exemplo.
Uma sugestão são as rodas de conversas mediadas, nas quais é possível falar sobre como as participantes, e também as facilitadoras, estão se sentindo com a experiência da Gincana ao se deparar com um alto volume de informações e experiências novas.
Outra possibilidade são as sessões de TREM (técnica de redução e alívio de estresse para mulheres), para que possam ter contato e experienciar uma técnica que ajuda a liberar dores e tensões que acumulamos no corpo.
É possível ainda incluir sessões de outras tecnologias que tragam prazer e/ou boas reflexões a respeito de sabedoria, autoestima, frustração e outros sentimentos com os quais podemos nos deparar quando nos aventuramos em novas aprendizagens, especialmente tecnológicas.
Ou seja, as possibilidades são infinitas e vale explorar as habilidades que as facilitadoras têm para além do conhecimento em cuidados digitais!
Roteiro macro e micro temas
Objetivo
Veja a seguir os roteiros detalhados com sugestões de atividades para facilitar a escolha e construção dos macro e micro temas a serem explorados ao longo de uma Gincana.
Esse roteiro foi realizado em um encontro presencial, mas pode ser facilmente adaptado para formato on-line. O ideal é que participem todas as pessoas que estão construindo e que vão facilitar o conteúdo da Gincana.
Busca apresentar uma possibilidade para facilitar a construção e organização de macro e micro temas para uma gincana, atendendo as demandas e necessidades do grupo, mas também levando em conta as expertises, experiências e desejos das facilitadoras.
Uma análise de contexto e um objetivo estratégico para o campo dos cuidados digitais previamente construídos, são ferramentas de grande auxílio para essa atividade.
Para quem
Todas as pessoas envolvidas na criação de conteúdo ou facilitação de processos da Gincana.
Duração
5h15min + intervalos
Sessão 01: Atividade de despertar [15 minutos]
Objetivo
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Mexer o corpo e criar senso de grupo.
-
Perceber limites do próprio corpo e dos outros corpos no espaço físico.
Material
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Caixa de som
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Bexigas coloridas
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Música agitada
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Papéis pequenos coloridos cortados
Como
Cada pessoa recebe um balão vazio e um papelzinho. Todos são convidados a responder no papelzinho: O que te faz feliz na Gincana?
Então enrola o papel, coloca dentro do balão, enche ele e fecha com um nó.
As facilitadoras colocam uma música agitada e gostosa, e todos são convidados a não deixar seu balão cair no chão, primeiro usando só os pés.
Passado um tempo, agora podem usar também os joelhos! Em seguida o bumbum, a barriga, ombros, nariz, cabeça…
Agora todos os balões são de responsabilidade do grupo. Todos devemos cuidar para que nenhum balão caia no chão.
Quando todas estiverem cansadas, paramos a brincadeira. Cada pessoa pega um balão, estoura e as mensagens são lidas para todo o grupo.
Dica: tenha alguém preparado para tirar fotos, é uma linda imagem!
Sessão 2: Pensando estratégia e temáticas [2h45 ou +]
Objetivo
Colocar o grupo para refletir sobre as estratégias para Gincana.
Materiais
-
Papel grande para os grupos escreverem
-
Canetinhas
Preparar previamente as ideias para macro e micro temas (em tarjetas coloridas), coletadas a partir da ficha de inscrição.
Como
Passo 1 [5 minutos]
Individualmente, escrevemos em tarjetas possíveis respostas para a seguinte pergunta animadora:
“Como a gincana pode ser estratégica pro campo dos cuidados digitais feministas?”
Passo 2 [20 minutos]
Em trios, discutimos o que escrevemos nas tarjetas e adicionamos o que mais surgir.
Passo 3 [35 minutos]
De volta ao grupão (todos juntos novamente), os trios apresentam suas tarjetas por vizinhança, e vamos agrupando as tarjetas na parede por proximidade.
Intervalo [15 minutos]
Passo 4 [15 minutos]
Individualmente, escrevemos em tarjetas (uma ideia por tarjeta), possibilidades para a seguinte pergunta animadora:
“Que temáticas micro e macro, você gostaria de ver na Gincana? Considerando desejos e estratégia”
Passo 5 [20 minutos]
Em trios, discutimos o que escrevemos nas tarjetas, adicionamos o que mais surgir, reescrevendo as ideias em tarjetas de cor X para quando for uma ideia macro e de cor Y quando for algo mais dentro de microtemas.
Nesse momento, a facilitadora apresenta temáticas macro e micro previamente preparadas, colhidas das demandas, necessidades e desejos apresentadas pelas ativistas e grupos ao preencherem a ficha de inscrição.
Passo 6 [40 minutos]
De volta ao grupão, os grupos apresentam suas tarjetas! Primeiro todos os grupos apresentam seus macrotemas e depois em rodadas todos os grupos apresentam os micro temas.
Se outro grupo tiver tarjetas parecidas, no momento que for apresentada, se levanta, apresenta também o que está escrito e cola próximo ou por cima. Assim todos apresentam suas tarjetas, e estas ficam coladas na parede organizadas por proximidade de temas. De um lado da parede organizamos os macro temas e do outro lado da parede os microtemas.
Quando um grupo acaba o outro começa, até que todas as tarjetas ou fichas tenham sido coladas e organizadas na parede, por proximidade de ideias.
Após esse exaustivo processo fazemos uma pausa, para depois voltar a se debruçar no tema.
Sessão 3: Atividade de autocuidado [30 minutos]
Objetivo
Aprender a usar argila para relaxamento e autocuidado! Proporcionar um momento divertido, lúdico e descontrair o cérebro de tantos assuntos sérios.
Material
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Argila branca
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Bacia
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Água filtrada
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Erva seca de rosas
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Água quente
-
Espátula
Como
Vamos falar sobre máscaras de argila para beleza e saúde! Fazemos uma aplicação prática de máscara de argila com chá de rosas, ficamos com a argila entre 15min e 20min.
[Intervalo]
Sessão 4: Organizando as ideias [2h]
Objetivo
Através da sabedoria coletiva, vamos encontrar temáticas a serem priorizadas, e discutir juntas a lógica de apresentação de conteúdo.
Materiais
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Post its coloridos
-
Bolinhas coloridas
-
Tarjetas
Como
1. Priorizando macros e micro temas [10 minutos]
Cada pessoa recebe X bolinhas adesivas de 2 cores diferentes. `Para decidir esse número, deve-se levar em conta a quantidade de participantes e a quantidade de macro e micro temas. Assim levantamos a quantidade de atividades que a Gincana pretende ofertar e o tempo de duração.
Convidamos cada pessoa a ler todos os macrotemas, e distribuir as bolinhas de cor X nos macrotemas que dentro de sua avaliação devem ser priorizados.
Depois todos são convidados a fazer a mesma coisa com os microtemas.
2. Organizando os macro temas [15 minutos]
Convidamos agora - de maneira anárquica mesmo - , que todo o grupo comece a montar uma tabela na parede. Nesse primeiro momento, organizamos os macrotemas com mais bolinhas, em uma linha horizontal. De preferência já criando uma lógica entre esses temas, nesse momento, podem conversar entre si, discutir ideias, mudar de lugar, acrescentar ou tirar tarjetas da parede, é possível inclusive que o grupo resgate algum macrotema que não foi votado mas no momento da discussão, sintam que é necessário estar presente.
É interessante o grupo estabelecer nesse momento um limite máximo de macro temas, que deve ser compatível com o tempo de dedicação e duração estabelecido. Façam um exercício de desapego de macrotemas até atingirem o limite estabelecido.
3. Organizando os micro temas [25 minutos]
Agora o grupo é convidado - novamente de forma anárquica - a organizar as tarjetas de microtemas dando preferência às com mais bolinhas grudadas. Vamos organizar tudo sob o guarda chuva de algum macro tema que já está organizado na parede.
Todas podem ir trazendo, encaixando, discutindo e movendo, reescrevendo (se necessário) as tarjetas, e também podem transformar macro em micro temas e vice-versa.
Também podemos conversar sobre uma organização lógica do conteúdo.
Observação: Se o grupo estiver muito conflituoso nas conversas e sentir que está empacando, sugerimos fazer rodadas de consideração onde cada pessoa é convidada a fazer colocações, propor alguma mudança ou apresentar uma ideia. Todos fazem considerações em relação ao que foi falado e passa para a próxima pessoa fazer uma consideração dela, até voltar para primeira pessoa, que se tiver alguma outra consideração traz para a roda.
Isso até se esgotarem as considerações ou o tempo. Assim teremos uma paisagem de macro temas e micro temas, que podem ser refinados ao longo das próximas semanas se o grupo não conseguir chegar em um consenso.
4. Brainstorms de atividades [15 minutos]
Individualmente, cada pessoa vai escrevendo em post its (de outra cor), atividades que consideram interessantes e importantes para a Gincana, uma por tarjeta. Em seguida colamos próximo ao microtema que será o guarda chuva da atividade.
5. Priorizando atividades [10 minutos]
Cada pessoa recebe X bolinhas adesivas (avaliar conforme o tamanho da gincana e a quantidade de atividades a serem oferecidas). Na sequência, todos lêem as atividades propostas e colam as bolinhas nas ideias/post-its que acreditam ser mais adequadas para a gincana alcançar seu objetivo. Nesse momento, pode ser importante rememorar o objetivo da atividade.
6. Debatendo atividades [45 minutos]
As ideias menos votadas de atividades sem bolinhas são retiradas da parede.
Agora o grupo vai discutir cada uma das ideias de atividades em rodadas rápidas. 3 minutos são suficientes para cada ideia. O intuito aqui é fazer uma grande chuva de ideias e tentar rapidamente formular um objetivo para cada uma das atividades.
Importante ter uma relatora para registrar boas ideias e insigths para cada uma das sessões. Isso dará suporte para o trabalho posterior de desenvolvimento do conteúdo de cada uma das sessões, mantendo diálogo e coerência.
Terminando de passar por todas as atividades, os participantes são convidados a partilhar uma frase sobre como estão se sentindo após essas horas entregues na construção da Gincana.
Recomendações
Com as atividades pensadas e organizadas, agora é hora de formar a equipe!
Identificar quais conhecimentos, habilidades e experiências já existem no grupo, e se será preciso acionar um reforço convidando outras pessoas. A execução de uma gincana também é uma oportunidade fantástica de aprendizagem e troca entre as facilitadoras.
Observação
É Importante que haja uma pessoa para relatar e registrar toda a discussão dessa sessão, permitindo a organização e disponibilização desse debate posteriormente, e também uma pessoa para marcar o tempo de discussão de cada uma das atividades. Pode-se usar um sininho para sinalizar que é hora de partir para a próxima.
Recursos
Os recursos são tudo aquilo que proporcionará às facilitadoras realizarem a Gincana.
Não se trata apenas de recursos financeiros ou materiais. Antes de mais nada, consideramos necessários e indispensáveis para a realização da jornada a presença, disponibilidade, engajamento, curiosidade, respeito, confiança, tranquilidade, flexibilidade, solidariedade, escuta, respeito e alegria.
Mesmo que imateriais, esses recursos necessitam sempre ser alimentados e valorizados!
Nos casos em que as facilitadoras dispuserem de recursos financeiros para a realização da Gincana, podem investi-lo em pontos importantes como:
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Construção de uma infraestrutura segura
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Contratação de servidores seguros
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Disponibilização de pacotes de dados para participantes que necessitarem
Esses são alguns dos exemplos, entre outras coisas que variaram conforme a realidade das participantes.
Para além disso, esses recursos também podem ser investidos na contratação de serviços que permitem, por exemplo, a inclusão de participantes com deficiência auditiva, através de tradutores de linguagem de sinais, ou tradutores de idiomas, para o caso de participantes de diferentes países.
Outros serviços que recomendamos são:
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Contratação de facilitação gráfica: permite um registro mais criativo e que pode ser compartilhado, utilizado e retomado sempre que necessário.
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Outras linguagens que permitem o registro das sessões, como a facilitação poética.
A linguagem escrita pode ser mais criativa que apenas o registro formal e pode contar também com a oralidade.
Uma facilitação poética ou a produção de rádio e podcasts podem ser ferramentas aliadas nessa jornada.
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Produção de vídeos, como tutoriais ou qualquer outro tipo de conteúdo. Pense nos vídeos como linguagens importantes no processo de aprendizagem, principalmente se você estiver lidando com grupos que utilizam mais a oralidade do que a escrita.
Os vídeos ou gravações também podem ser registros de sessões que permitirão que participantes acompanhem a jornada de maneira assíncrona.
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Criação ou utilização de jogos em plataformas online, como metodologia de aprendizagem.
Jogos podem ser formas divertidas de trabalhar conteúdos mais densos ou técnicos, ou mesmo maneiras mais alegres de proporcionar momentos de discussão sobre temas trabalhados nas sessões.
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Design gráfico! Esse é um recurso que pode auxiliar muito na comunicação da Gincana, ajudando na criação da identidade visual.
O design gráfico também pode ser utilizado na organização de materiais a serem compartilhados ou publicados.
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Palestrantes e especialistas que podem realizar apresentações ou treinamentos, dependendo das demandas do grupo.
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Terapeutas holísticas e psicólogas, podem auxiliar em momentos de mediação de conversas, momentos de conflito que possam ocorrer, ou em casos de participantes que estejam passando por stress ou burn out.
Vale lembrar que esse recurso também pode ser utilizado pela própria equipe de facilitadoras e colaboradoras. Essa é uma estratégia de cuidado com o grupo que está realizando a Gincana.
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Considere, se possível, a remuneração pelas horas de trabalho, tanto dos serviços contratados como das pessoas convidadas a participarem como colaboradoras, sejam elas palestrantes, terapeutas, técnicos, etc.
Plantar e semear
Atividades de aprendizagem
Estrutura principal
Essa estrutura consiste basicamente em:
Sessões Principais + Material de Apoio + Sessões de Aprofundamento ou práticas + Plantões + Aláfias + Atividades de Cuidados Coletivo e autocuidado .
Uma sessão ou mais, que chamamos de Sessões Principais, que tratarão de um tema de maneira mais ampliada, com discussões, partilhas, sugestões de vivências, partindo sempre de uma desconstrução de paradigmas já impostos culturalmente às mulheres e pessoas LBTQIA+, trabalhando o tema no nível do sentir, buscando levantar o que aquele tema suscita entre as participantes.
Para estas sessões, as facilitadoras podem compartilhar o Material de Apoio, que consiste em produzir e/ou reunir materiais de orientação, como textos, artigos, vídeos, podcasts, guias, tutoriais, manuais, passo-a-passo, zines e todo tipo de conteúdo que leve para as participantes informações, provocações, orientações, entre outros, a respeito do tema que será tratado ao longo do ciclo de aprendizagem deste macro tema.
Os Materiais de Apoio, são como um “pacote” ou uma “sacola” que cada participante receberá e pode ir acessando conforme o desejo ou necessidade. Ao longo da jornada as participantes poderão ir acrescentando outras coisas e materiais que forem encontrando pelo percurso dentro de seus “pacotes” ou “sacolas”.
A sessão seguinte pode aprofundar o debate sobre o tema, com a participação de convidadas para trocas que ampliem as experiências, atividades práticas, podendo propor vivências, oficinas ou treinamentos sobre ferramentas digitais, por exemplo.
Após essas sessões, sugerimos a realização de um ou mais plantões ou Q&A, que são espaços em que as facilitadoras ficam à disposição das participantes durante um período determinado. Esses espaços de plantão servem para tirar dúvidas relacionadas aos temas trabalhados, mas podem ser também espaços para que as participantes tirarem dúvidas em geral.
São momentos em que se reúnem participantes e facilitadoras em torno de uma questão real para encontrarem uma solução de maneira coletiva.
Por fim, sugerimos a realização das Aláfias, que são atividades destinadas ao reconhecimento e a celebração pela caminhada do grupo até aquele ponto da jornada juntes.
Atividades principais [roteiro]
Momentos usados para agrupar todas as participantes com discussões sobre temas centrais e importantes para o percurso da Gincana. Podendo ser síncrono ou assíncrono.
Introdução à infraestrutura de afeto
A atividade abaixo foi realizada de forma on-line, durante a Gincana Monstra.
Esperamos todas chegarem por alguns minutos, com uma boa música rolando [5 minutos]
Deixamos uma música e um aviso no chat de que vamos começar em poucos minutos. Mantemos a música até todas chegarem.
Acolhida e boas-vindas! Espreguiçar, respirar, hidratar [10 minutos]
“Vocês já se espreguiçaram hoje? Aquela espreguiçada bem gostosa?!”
Repararam o quanto nossos corpos se esticam? E respirar? Já deram aquela respirada profunda? encheram o pulmão de ar?! Perceberam o quanto nossos pulmões se expandem? Não? então vamos fazer isso juntas?
Levantamos e espreguiçamos com as câmeras abertas (para aquelas que se sentirem confortáveis!).
Espreguiçar por 20 segundos, 3 respirações bem profundas, todes juntas!
Lembrá-las da hidratação! Damos 2 minutos para buscar água.
Pronto! Agora estamos todas aqui, percebendo um pouco mais nossos corpos e nos hidratando. Coisas simples, mas que podemos sempre lembrar umas às outras.
Coisinhas básicas para nosso cuidado na rotina diária!
O que é segurança [20 minutos]
“O que é segurança? O que é segurança pra você?”
Sem pensar muito! Identificamos o que vem na cabeça de cara, em uma palavra ou uma frase.
As facilitadoras vão registrando tudo que for sendo falado , em um quadro compartilhado com todos.
Assim que for se esgotando, passamos para a apresentação do tema.
Vamos falar sobre o tema! Linkando com a ideia das rotinas de cuidados e do papel da mulher e pessoas sem gênero definido na tecnologia. O que isso tem em comum?
Como construímos nossa infraestrutura de afetos na vida?
Como tudo isso está relacionado à ideia de segurança?
Atividade de descrição da rotina de cuidados [15 minutos]
Pedimos que em 15 minutos as participantes façam uma descrição das rotinas de cuidado e das infraestruturas que elas utilizam para essas rotinas, o mais detalhado que puderem.
Partilha [15 minutos]
Abrimos para quem quiser (3 ou 4 pessoas) compartilhar suas rotinas de cuidados.
Enquanto forem falando sobre as ferramentas, as rotinas de cuidado (que faz parte das rotinas) - quem tem filho, quem cuida do outro, vamos destacando o quanto essas rotinas de cuidado do dia a dia são uma prática programática. A partir disso vemos como mulheres são protagonistas de rotinas e criação de modelos dentro de suas comunidades, casas, e em seus ativismos. Sempre foram responsáveis historicamente sobre essa responsabilidade da mulher pela otimização das tarefas, pela elaboração das tarefas, mesmo com a separação do trabalho por gênero.
A partir disso não nos surpreende que a mulher criou e foi protagonista na programação por muito tempo! Mulheres sistematizaram e homens iam para a guerra, inclusive presente na história da computação.
A partir disso notamos que, seja na computação ou seja na ancestralidade, esse lugar é das mulheres. E que elaboramos estratégias diariamente e que somos estrategistas desde que nascemos.
Debate [20 minutos]
As mulheres sempre estiveram por trás das redes de afeto, em que momento a tecnologia mudou de espaço e passa a ser reconhecida como algo de homens, branco cis, acadêmicos, classe média. E o que mudou?
Desembocamos no afeto...
Por mais que a tecnologia tenha sido criada com uma perspectiva de guerra, antes dessa mudança ela ainda tinha um caráter afetivo, de rotina. Contamos a história da Grace Hopper.
Mesmo depois do pós guerra, a relação das mulheres com as máquinas ainda era de relação mesmo e não de subserviência como passa a ser depois que os homens se apropriam. O que eles chamam de arcaico, nós chamamos de ancestral! Linguagem comparada com o que ela expressa. Entender essas diferenças é fundamental para conseguirmos construir um cuidado digital que faça sentido dentro da nossa narrativa, da nossa subjetividade.
Como traduzir para esses lugares suas experiências e linguagem, com as experiências de vida que elas trazem
Encerramento [5 minutos]
Como estou saindo?
Falamos tanto de tecnologia hoje… Convidamos cada uma de vocês trazer rapidamente uma frase que ou palavra que expresse como está saindo da atividade de hoje.
Atividades de aprofundamento ou práticas (tech) [roteiro]
São momentos pontuais, pensados para atividades específicas, laboratórios práticos, criativos e mão na massa, abertos para quem quisesse/pudesse participar.
“Internet: onde vive, do que se alimenta?”
Objetivo
Desmistificar o funcionamento da Internet, seu aspecto físico e suas vulnerabilidades. Refletir sobre a construção geopolítica da internet.
Duração
1h30.
Material
Papel e caneta, individuais.
Essa atividade foi realizada durante a Gincana Monstra, de forma on-line, como sessão extra. Mas pode ser facilmente adaptada para atividades presenciais.
Sessão 1: Boas vindas e agenda [10 minutos]
Objetivo
Receber todo mundo, mostrar a agenda do dia e ainda dar uma aquecida na mente.
Como
Apresente um slide de boas vindas. Em um segundo slide, apresente a agenda de atividades, e por último deixe a pergunta provocadora:
Qual a primeira coisa que você usou na Internet?
Deixe o espaço aberto para quem quiser trazer algo da memória…
Sessão 2: “O que é a internet?” [35 minutos]
O que é a internet para você?
[5 minutos] Individualmente, pedimos para as pessoas desenharem.
[15 minutos] Abrimos para comentários de algumas pessoas, e pedimos para quem quiser mostrar o desenho na câmera. Apresentamos algumas questões políticas e debatemos todas e todos juntes:
A internet é física, a internet é política, a internet é um direito!
Intervalo [5 minutos]
Sessão 3: “Como a internet funciona?” [60 minutos]
[10 minutos] Divididos em grupos, vamos debater e construir um desenho a partir da pergunta:
Como a Internet funciona? Quando mandamos um email para alguém, qual o caminho que os dados fazem?
[10 minutos] Grupos apresentam para todos.
[10 minutos] Montamos o caminho da internet movendo esses cards num quadro compartilhado com todos participantes.
Ou já apresentamos essa imagem, percorrendo o caminho das informações juntos, comentando.
[30 minutos] Iniciamos a explicação, trazendo a questão dos cabos subterrâneos e submarinos X a nuvem.
A Internet é física, a informação passa através de cabos. A nuvem é sempre o computador de outra pessoa.
Seguimos para a explicação sobre HTTP x HTTPS e introduzimos o conceito de criptografia de tráfego.
Utilizamos um cartão postal para explicar como a informação trafega sem criptografia. Todas as pessoas que têm acesso ao cartão podem ver a mensagem e os metadados.
Colocamos o cartão postal em um envelope e explicamos como a informação trafega criptografada com HTTPS. Todas as pessoas que têm acesso ao envelope podem ver os metadados, mas só os servidores de e-mail, remetente e destinatário podem ver a mensagem.
Pegamos o papel com a mensagem criptografada e coloque dentro do envelope para explicar como funciona a criptografia ponta-a-ponta. Dessa vez, todas as pessoas que têm acesso ao envelope podem ver os metadados, mas só remetente e destinatário podem ver a mensagem. Só essas duas pessoas possuem a chave para descriptografar a mensagem, e os servidores não têm acesso.
Fazemos uma explicação sobre as vulnerabilidades:
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No computador: Vírus, malware, spyware, senhas fracas, etc.
-
No roteador: Sniffing, acesso ao tráfego de pacotes/informação.
-
Redes abertas de aeroportos, cafés e locais públicos oferecem alto risco.
-
No provedor de internet: Acesso a dados através de ordem judicial.
-
No servidor de e-mail: Acesso a dados através de ordem judicial; acesso a tudo por parte do próprio provedor.
Sessão 4: Encerramento [10 minutos]
Convidamos para o encerramento todas/os que quiserem compartilhar algo novo que aprendeu. Vale qualquer coisa!
Plantões
Ocorrem ao longo das semanas, com o objetivo de facilitar a interação das participantes com as ferramentas e dos conteúdos disponibilizados assíncronamente.
Alguns encontros podem ser temáticos, para estimular a exploração e uso de determinada ferramentas ou o acesso a determinado conteúdo, outros podem ser livres.
No período estipulado, pelo menos duas facilitadoras ficam no canal de comunicação combinado previamente, aguardando quem quiser chegar para tirar dúvidas em relação ao conteúdo trabalhado com o grupo, testar ou configurar ferramentas, compartilhar dificuldades relacionadas a tecnologias digitais ou não.
O importante é a abertura para pensar juntas soluções para as questões que surgem. É também uma oportunidade para explorar esse universo da pesquisa por solução de problemas na internet.
Em geral não preparamos roteiros para esses encontros. Quando necessário, são utilizados materiais de apoio das oficinas para rememorar ou discutir algum conteúdo.
Aláfias [roteiro]
Momentos de reconhecimento e valorização do percurso percorrido até aquele ponto, mesmo que ainda não seja o ponto final.
Isso merece uma celebração, uma comemoração. Caminho aberto para seguir na jornada!
Essa celebração pode ser marcada de diferentes formas… Produzindo algo, compartilhando, reconhecendo, realizando ou propondo um desafio, algo que marque aquele trajeto da jornada até ali.
Dica
Experimente propor aláfias que estimulem o uso da criatividade, do conteúdo apresentado e que possa proporcionar trocas e construção coletiva entre as pessoas de uma mesma equipe, valorizando as diferentes habilidades do grupo, subvertendo também a ideia de competição e valorizando a colaboração entre as participantes.
Se possível, estimulando troca e construção coletiva também entre equipes!
Curiosidade
A expressão Aláfia, utilizada nessa metodologia, significa “seja bem-vinde”. É uma expressão do povo Yorubá, de origem nígero-congolesa.
No jogo de Búzios significa, a queda de quatro búzios abertos, que tem o significado de positivo, confirmação, tudo bem. Não há nenhuma margem de erro ou contrariedade para a pergunta em questão.
Na Gincana Monstra, adotamos o termo para os momentos de finalização de um ciclo de aprendizagem no qual celebramos e acolhemos todas que estão ali, admitindo que os caminhos estão abertos às próximas etapas.
Você pode encontrar esse termo em outras línguas e culturas, vale dar uma pesquisada!
Roteiro para Aláfias
Exemplos de Aláfia:
-
Um texto, postagem, passo a passo, ilustração ou um zine para replicar um dos temas que vimos durante a semana, levando em consideração sua cultura e realidade.
Tente abarcar todas as habilidades das pessoas da equipe. A que escreve, a que desenha, a que é criativa, a que organiza, etc.
Use a criatividade!
-
Um roteiro de facilitação para cuidados digitais, usando o que foi discutido durante essas semanas e o que mais quiserem acrescentar para além do conteúdo.
Lembre-se de trazer a essência e a experiência de vocês para o roteiro!
Observação: É interessante que as facilitadoras enviem periodicamente às participantes o calendário geral de atividades da Gincanam e também o calendário de atividades referentes ao ciclo ou macrotema que estão iniciando, podendo ser semanal, por exemplo. Isso é fundamental no caso de mudanças nas datas ao longo da jornada.
Tente criar uma imagem com o calendário, isso facilita o compartilhamento e a visualização em diferentes dispositivos. O compartilhamento frequente do calendário auxilia na organização prévia das participantes para que se planejem ao longo do período.
Atividades de autocuidado e cuidado coletivo [roteiro]
Apresentaremos a seguir algumas atividades que compuseram um processo de cuidados organizacionais. Estas sessões foram realizadas presencialmente mas podem ser adaptadas para atividades online.
Para quem é esta atividade?
Essas atividades podem ser realizadas por pessoas que pretendem facilitar processos on-line, ou pela equipe da Gincana para pensar em cuidados na facilitação.
Tempo estimado
1 hora, podendo durar mais com a preparação
Roteiro - aprendizagem intergeracional em tecnologias - desafios e oportunidades
[30 minutos antes] – Abertura da sala e testes com as participantes
[10 minutos antes] - Música para a chegada das participantes! Prepare uma playlist!
Sessão 1: Aquecendo a mente
Objetivo
Ativar o pensamento! É hora de mergulharmos na atividade!
Como?
Exibindo um slide de abertura, acompanhando de músicas enérgicas enquanto trocamos boas vindas no chat.
Sugestão de música: Serena Assumpção - Oxumaré
Enquanto as pessoas vão chegando, peça para que cada uma delas compartilhe no chat, sem grandes pretensões, quais tecnologias existem na natureza. Pode-se responder quantas tecnologias quiser, Isso para aquecer nosso pensamento! Enquanto isso, vamos de música!
Sessão 2: Agenda + combinados
Agenda:
- Aquecendo a mente
- Agenda e combinados
- Aprendendo através da memória e do sentimento
- Trocando umas com as outras
- Barreiras e estratégias para o aprendizado intergeracional
- O quão singular é você?
- O que estou levando deste processo?
- Avaliação
Combinados:
- Todos podem falar! Para isso, levante a mão e/ou sinalize no chat.
- Não existem perguntas bobas ou ruins.
- Se tiver qualquer problema com a tradução, clique no ícone do globo e em seguida em “floor”, assim você poderá selecionar novamente o idioma. Se não funcionar, levante a mão e sinalize.
- Trate todas com respeito e empatia.
- Divirta-se!
- Gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Sinalize no chat para que possamos conversar.
Sessão 3: Aprendendo através da memória e do sentimento
Objetivo
Despertar reflexões, insights e criar conexões emocionais com o tema. Desopilar dos altos e baixos do processo de aprendizado e sentir quais elementos estão presentes no processo além dos conhecimentos em si.
Como?
Através de uma meditação guiada, proporcionamos às participantes um acesso à memórias relacionadas à tecnologias, se preferência aquelas que aprenderam com alguém mais velho.
“Desvie seus olhos da tela. Exercite sua memória e comece a perceber o que você está sentindo. Você pode manter seus olhos fechados, se quiser. O importante é se sentir confortável, e lembre-se: você está em um ambiente seguro.
Se possível, deixe um papel e uma caneta do seu lado. Caso surja uma ideia, algum insight, sinta-se livre para anotar, desenhar, rabiscar.
Pense em alguma tecnologia que você já teve muita vontade de aprender sobre ela, mas teve dificuldade. Pode ser uma experiência da sua infância ou até mesmo mais recente. De preferência um processo de aprendizado com alguém mais velho.
Vá mais a fundo! Pense em uma tecnologia que tenha te interessado muito! Que você tenha pensado: isso é o que eu quero aprender! Mas que não tenha sido assim tão fácil. Algo que você não tenha tido tanta habilidade no começo.
Aprendemos tantas tecnologias diferentes ao longo das nossas vidas! Pode resgatar da sua memória, talvez quando aprendeu a ler, pode lembrar-se quando aprendeu a andar de bicicleta (e pode ainda ter vestígios dessa aprendizagem), ou uma receita culinária complexa, pode ser de quando aprendeu a plantar e a cuidar desta nova vida, pode ser de quando aprendeu a pôr um chão ou a fazer a instalação elétrica de uma casa, a fazer futuros contos, a tocar um instrumento, a montar o hardware de um computador, a bordar um tecido... Infinitas possibilidades!
Pode ser que nesta procura de memória escolha uma experiência, e depois mude e escolha outra, sem problemas. Nada disso irá interferir com a nossa proposta!
Vamos lhe dar algum tempo para explorar estas memórias e possibilidades, passar pelas diferentes experiências de aprendizagem que teve, e escolher uma que foi um desafio, mas que finalmente conseguiu!”
[1 minuto] Qual tecnologia foi essa? Por que despertou sua atenção? O que acendeu seu interesse? Em que ponto e de que forma você decidiu que gostaria de aprendê-la?
[1 minuto] Pensemos agora em quem facilitou este processo. Lembrando que nem todas as experiências de aprendizagem são boas, para que possamos olhar também para os aspectos não tão legais deste processo.
Lembre-se que agora está num lugar seguro! Você não está mais naquele ambiente de aprendizagem, está na sua casa, no seu espaço, na sua segurança. Se precisar, ponha seus pés no chão para se lembrar disso.
Pensemos nessa pessoa que facilitou este processo. Quem foi esta pessoa? Como essa pessoa se parecia? Quanta experiência tinha esta pessoa? Como era a sua voz? Qual era a diferença de idade entre vocês? Era uma pessoa afetuosa? Esta pessoa era rígida? O que é que esta pessoa usou para lhe ensinar? Apenas a sua voz? Utilizou um quadro negro ou qualquer outro meio? Comunicava também com o seu corpo? E agora quero que pensem em vocês próprios neste processo. Se alguma ideia ou ideia importante lhe ocorrer, escreva-a ou desenhe-a.
Foi difícil de aprender? Você pegou rapidamente? Quanto tempo demorou para aprender? Cometeu algum erro ao longo do caminho? Você pensou em desistir? O que sentiu naquele momento? Havia alguma sensação no seu corpo? Calor em alguma área? Talvez desconforto em algum órgão ou músculo? Sentiu-se frustrado? Triste? Estas emoções interferiram no seu processo?
[1 minuto] Quais foram as dificuldades no processo? Foi algo que exigiu conhecimentos adicionais? Foi algo complexo? Ou foi algo que exigiu treino do seu corpo ou mente? Foi algo que exigiu atenção?
O que fez você persistir? Essa pessoa facilitadora desempenhou um papel importante em fazer você continuar?
[1 minuto] Quando superou a dificuldade, o que sentiu? Quando finalmente conseguiu, como se sentiu?
[1 minuto] O que você guarda deste processo de aprendizagem?
Como podemos promover isto nestas atividades? Como podemos sustentar os espaços frente à frustração?
Agora vou contar dois minutos. Vocês perceberão que dois minutos em silêncio é muito tempo! Tire o tempo necessário para incorporar a experiência. Se quiser escrever ou desenhar alguma coisa, algum insight, sinta-se livre.
Queridas participantes, após 2 minutos, voltarei falando em português.
Vamos abrir lentamente nossos olhos, nos alongar lentamente, colocando os pés no chão, trazendo nossa mente para o momento presente, lentamente despertando a mente para esta experiência.
Sessão 4: Trocando umas com as outras [15 minutos]
Objetivo
Provocar discussões.
Como?
Com perguntas provocativas e nos abrindo para o debate.
Agora vamos abrir para partilhas!
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Qualquer pessoa pode abrir o microfone ou levantar a mão.
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Gostaria de saber: você escreveu alguma coisa durante o processo? O que surgiu?
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Aprendemos alguma coisa ao relembrar a memória da nossa aprendizagem?
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O que é que ficou vivo?
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Há algo desta experiência que gostaria de utilizar nas nossas sessões de facilitação? Será que alguma memória trouxe de volta algo que não gostaria de reproduzir ou que gostaria de fazer de forma diferente nos seus processos de facilitação?
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O que podemos retirar deste processo de aprendizagem para os processos de aprendizagem que vamos organizar?
Sessão 5: Barreiras [10 minutos]
Obstáculos para a aprendizagem intergeracional em tecnologia:
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Linguagem computacional apenas em inglês.
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Hardwares e softwares não acessíveis para portadores de necessidades especiais em visão e audição.
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Dificuldade de acesso das mulheres à financiamentos.
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Dificuldade de acesso das mulheres a dispositivos e internet.
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Etarismo: preconceito contra pessoas mais velhas na tecnologia.
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Falta de literatura digital e compreensão da lógica computacional.
Poderiam apontar quaisquer outras barreiras a partir das suas experiências?
Sessão 6: Estratégias [10 minutos]
Estratégias da Gincana Monstra:
- Envolver as pessoas para que tenham curiosidade e interesse, criando uma ligação afetiva, seja através da memória, da brincadeira ou da troca.
- Partir das histórias e experiências das pessoas que estão a participar no processo.
- Reconhecer e utilizar os diferentes conhecimentos e capacidades das pessoas que compõem o grupo.
- Não subestimar ou infantilizar as participantes.
- Criar um ambiente que convide à aprendizagem.
- Usar linguagem explicativa e explícita, evitando o uso de termos estrangeiros, e explicar sempre acrónimos e gírias.
- Nunca exponha a pessoa.
- Fornecer manuais passo a passo com apoio visual ou auditivo, com traduções quando existem termos estrangeiros.
- Temos tempos diferentes, dar tempo para compreender novas questões. Manter o silêncio.
- Reuniões de serviço e de teste de ferramentas.
- Jogar no ritmo dos mais lentos.
Alguém gostaria de acrescentar estratégias que tenham adotado nos seus processos de aprendizagem?
Quote:
A alegria não vem apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de busca. E ensinar e aprender não podem existir fora da busca, fora da beleza e da alegria.
Sessão 7: Encerramento [15 minutos]
Objetivo
Refletir sobre o que precisamos e o que temos a oferecer para melhorar o cuidado coletivo.
Como?
Pedimos para cada pessoa pensar e anotar primeiro o que ela precisa desse grupo para estar bem. Passados 2 minutos, agora pedimos para pensar e escrever uma coisa que tem a oferecer para melhorar o cuidado coletivo do grupo.
Fazemos uma rodada e todos leem o que precisam do grupo, com uma facilitadora anotando em uma tela compartilhada. Depois fazemos uma rodada onde todos falam o que podem oferecer para o cuidado coletivo, que também vira uma nuvem de ideias anotada pela facilitadora no quadro compartilhado.
Lembrete!
É interessante que xs facilitadorxs enviem periodicamente axs participantxs o cronograma geral de atividades da Gincana, e também o cronograma de atividades relacionadas ao ciclo ou macro-tema que elxs estão iniciando, que pode ser semanal, por exemplo.
Isto é fundamental no caso de mudanças nas datas, ao longo da jornada. Tente criar uma imagem com o calendário, isto facilita o compartilhamento e a visualização em diferentes dispositivos. Compartilhar o calendário freqüentemente ajuda os participantes a se organizarem com antecedência para que possam planejar durante todo o período.
A colheita e os caminhos que se abrem
Finalização e pós produção
Premiação
Como falamos na introdução deste módulo, o termo Gincana é uma referência às lembranças de nossas infâncias e a esse formato de brincadeira, que é caracterizado por um percurso a ser percorrido, e para chegar ao final é necessário muito trabalho coletivo, criatividade e colaboração.
Na Gincana Monstra não há apenas um vencedor. Vencer, aqui, significa que percorremos a jornada. Originalmente nas gincanas, quem completa primeiro o percurso é contemplado com um prêmio pela vitória. Na Gincana Monstra celebraremos e nos premiamos com as trocas, com o reconhecimento, com nossas existências, nossos saberes partilhados e adquiridos.
Para dar ainda mais materialidade a isso, podemos usar a criatividade para criar outros prêmios. Se for possível, podemos trocar cartas premiando umas às outras. Ou criar um pacote de stickers com imagens e temas que façam sentido para aquele grupo e que pode ser utilizado para movimentar e alegrar as conversas no grupo, mesmo após a Gincana, auxiliando na manutenção desse espaço importante para o fortalecimento dessa rede.
Muitas outras coisas podem ser pensadas para esses prêmios. As facilitadoras podem pensar em algo previamente e preparar os prêmios ao longo da gincana, como adesivos, bottons ou podem propor às participantes que pensem juntas o que querem dar e receber como prêmios. Trabalhe a ideia de que os prêmios não são recompensas por terem participado da Gincana, mas recursos que caminharão com as participantes, fortalecendo elas dali em diante.
Para as Gincanas que disponham de recurso financeiro, os prêmios podem ser materiais que fortaleçam os grupos participantes. No momento das entrevistas iniciais, e ao longo do percurso, levante informações sobre quais são itens e materiais que podem fortalecer o trabalho e o cuidado em cada grupo. Sugerimos, nesse caso, que os prêmios sejam personalizados conforme as necessidades dos grupos.
Somos múltiplas e com nossas especificidades e nos baseamos na equidade, então não há a necessidade dos prêmios serem idênticos a cada participante, podem sim respeitar os contextos que os grupos estão inseridos e as realidades locais. Pense em abrir conversas cuidadosas e dedicadas a isso. Pense não apenas em itens materiais, mas também serviços.
Um grupo pode, por exemplo, precisar de um celular, outro pode precisar de um HD externo, enquanto outro pode precisar de um acompanhamento profissional, de uma conversa mediada por profissionais.
Durante a Gincana, as facilitadoras podem organizar informações como endereços, possibilidade de entregas físicas ou via transportadoras e correios. Podem levantar também as necessidades e desejos, e assim pensar como fazer as entregas o mais perto possível do final da Gincana. É preciso alguma atenção para que esse processo aconteça ao longo da Gincana e que possa gerar um trabalho para além da realização das sessões e encontros.
Se possível, pensem em criar um grupo de facilitadoras ou colaboradoras que ficarão responsáveis por pensar, criar e, se for o caso, comprar e distribuir os prêmios.
Sustentando espaços de comunicação e mantendo a rede viva
A metodologia Gincana Monstra se baseia na construção de redes de solidariedade feminista. Portanto, um dos objetivos gerais é que ao final e após a jornada a rede construída ao longo do processo possa se manter. Os espaços criados para as trocas ao longo da Gincana podem seguir como espaços seguros para que as participantes possam manter suas conexões e trocas, não apenas em temas relacionados aos cuidados digitais, mas trocas que possam auxiliar nos trabalhos desenvolvidos por elas e suas coletivas.
É importante que as facilitadoras se organizem após o término da Gincana para seguirem acompanhando e alimentando esses espaços, caso necessário. Manter uma rotina saudável de compartilhamento de conteúdo interessante pode ser um bom caminho. Compartilhar novas experiências que sejam do interesse do grupo e convidá-lo a refletir sobre determinadas situações ou provocações também são estratégias para manter o grupo vivo. Esses espaços podem ser muito valiosos para as participantes que tenham o interesse em seguir replicando a metodologia da Gincana Monstra ou que estejam facilitando sessões de cuidados digitais em seus grupos e coletivas, funcionando assim como lugares de aprendizagem.
Ao final da Gincana é bem possível que as participantes já tenham se apropriado desses espaços para trocas mais sensíveis e como lugares de cuidado coletivo. Nesse momento pode ser interessante dar às participantes a liberdade sobre a permanência ou não nesses espaços, rever os acordos para o funcionamento dos grupos, como por exemplo a entrada ou não de novas pessoas ou o tipo de conteúdo a ser compartilhado e seguir exercitando a construção coletiva.